quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Jorge Luis Borges
Para quem não sabe, sou um pouco compulsiva. Resolvi contar isso porque essa semana comprei um milhão de livros. Eles são minha companhia. Confesso que é doloroso para o bolso as vezes, mas sinto um enorme prazer cada vez que coloco mais um deles na estante, que por sinal, já está entupida de literatura.
A minha maluquice é tamanha que fiz uma lista com as publicações que ainda tenho que ler. Enfim, essa neurose, ou psicose, como preferirem chamar, está rendendo bons frutos.
Continuando, então, com o mesmo tema do post anterior. Gostaria de parabenizar a Companhia das Letras, sem puxar o saco, mas já puxando, a publicação da obra completa de Jorge Luis Borges. Deixando a rivalidade de lado com os argentinos e o preconceito para depois, o escritor, poeta e ensaísta é reconhecido mundialmente por seus contos e faz literatura como ninguém.
Ficções, Outras inquisições, Primeira poesia e O livro dos seres imaginários são os primeiros livros que foram editados, porém ainda sairão mais de trinta títulos em cerca de vinte e três volumes.
A coleção promete trazer de volta um dos homens mais influentes da literatura contemporênea e um dos maiores escritores do século XX.
O dinheiro será bem gasto. Confiem!
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Tim Burton
Que delícia é a maluquice do Tim Burton!
Seu livro recém-publicado no Brasil, O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e outras histórias, comtempla os leitores com toda sua imaginação maquiavélica e deixa na boca aquele gostinho de infância. Além das histórias mirabolantes, o diretor ataca de desenhista. Os desenhos são de uma simplicidade impressionante sem deixarem de ser super engraçados.
O que fica para nós é aquela imagem de uma infância conturbada por uma criatividade contagiante e em certo ponto, até malvada. Personagens de todos os tipos criados numa fantasia burtiniana vista também nos seus filmes, marcam as páginas do pequeno livro.
É genial e vale a pena conferir!
domingo, 16 de dezembro de 2007
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Pensando em quão incrível é o velho Ferreira Gullar, fazendo um projeto final sobre arte e cinema com a Dona Raissa, encontrei esse poema abaixo. Já o tinha lido algumas vezes, mas neste momento ele me caiu como uma luva.
Metade de que?
Uma vez me disseram que cada um de nós tem uma alma gêmea,
um complemento.
Não acreditei.
Não sei se foi por puro ceticismo ou para ser realmente do contra.
Depois de tantas decepções, falar de amor já não é fácil.
Metade da laranja?
Esses termos cafonas que nossas mães fizeram questão
de nos ensinar lendo contos de fadas.
O príncipe encantado um dia chega?
Esqueceram de dizer que na verdade a perfeição é um saco,
uma chatice sem fim e que deveríamos amar o imperfeito.
É o imperfeito que tem charme, que quebra a monotonia.
Nos ensinaram tudo errado.
"A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo,
está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração
e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos."
É preciso estar completo , inteiro. Ser um só. E não o outro.
Assim quem sabe as relações poderiam dar certo....
Metade de que?
Uma vez me disseram que cada um de nós tem uma alma gêmea,
um complemento.
Não acreditei.
Não sei se foi por puro ceticismo ou para ser realmente do contra.
Depois de tantas decepções, falar de amor já não é fácil.
Metade da laranja?
Esses termos cafonas que nossas mães fizeram questão
de nos ensinar lendo contos de fadas.
O príncipe encantado um dia chega?
Esqueceram de dizer que na verdade a perfeição é um saco,
uma chatice sem fim e que deveríamos amar o imperfeito.
É o imperfeito que tem charme, que quebra a monotonia.
Nos ensinaram tudo errado.
"A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo,
está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração
e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos."
É preciso estar completo , inteiro. Ser um só. E não o outro.
Assim quem sabe as relações poderiam dar certo....
Metade
"Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também"
(Ferreira Gullar)
domingo, 9 de dezembro de 2007
Viagens II
Revistas coloridas
Clichês nas esquinas
Fissura
Nas veias um pouco de álcool para lucidar
Um samba soado fininho
Um pouco de fumaça
Indas e vindas
Nostalgia
Noites de incerteza da alma
Carros na contramão
Tardes claras
Óculos escuros
Corpo dolorido
Patins no gelo
Cabeça sã
De que valeria a loucura sem a ideologia?
A rebeldia não está ligada a falta de bom senso.
Ser rebelde, é ser livre sem precisar passar por cima de ninguém.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Saudade
Em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave, para termos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra
uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na internet e encontrar a página do Diário Oficial,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua preferindo Malzebier,
se ela continua preferindo suco,
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor,
se ele continua cantando tão bem,
se ela continua detestando MC Donald´s,
se ele continua amando,
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os
amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
(Miguel Falabella)
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra
uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na internet e encontrar a página do Diário Oficial,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua preferindo Malzebier,
se ela continua preferindo suco,
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor,
se ele continua cantando tão bem,
se ela continua detestando MC Donald´s,
se ele continua amando,
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os
amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
(Miguel Falabella)
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
ausência
Hei de edificar a vasta vida
que mesmo agora é teu espelho:
toda manhã hei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
tantos lugares se tornaram inúteis
e sem sentido, como,
luzes do dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
músicas em que sempre me esperavas,
palavras daquele tempo,
eu terei de quebrá-las com minhas mãos.
Em que profundezas esconderei minha alma
para que não enxergue tua ausência
que como um sol terrível, sem acaso,
brilha definitiva e impiedosa?
Tua ausência me cerca
como a corda o pescoço.
O mar em que naufraga.
(Jorge Luis Borges)
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Solidão
Quis fazer versos essa noite.
Rimas bobas e simples para meus travesseiros.
Desconcertante foram as idéias que passaram
como flash na minha cabeça.
Doeu.
Quis evitar o barulho das árvores do lado de fora.
Quis também nascer de novo.
Ser menos fraca, romântica e impulsiva.
Menos ridícula.
Tentei rir dos meus acertos e pesar pelos meus erros.
Não adiantou.
A solidão que me devora na madrugada
engole os cacos que sobraram de mim.
Junto as peças.
Construo novos pilares.
Sustentadas estão as linhas embaralhadas dos cadernos.
Ainda escrevo a mão.
Escrevo deixando rasuras nessa alma de poeta torta.
Quis ter uma máquina do tempo.
Um teletransporte.
Algo que pudesse apagar sentimentos
e reavivar lembranças.
O tempo não dá tempo.
Não retrocede,
não modifica
e nem adianta.
Lenvanto-me devagar
uma tontura súbita me enlouquece.
Pego papéis,
rasgo cartas.
Rabisco minha vida em tinta que sangra.
Só que hoje,
o sangue corre mais doce em minhas pequenas veias.
Me abraço ao que tenho.
Choro.
E sigo adiante.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Amanhã??
Dias que passam devagar
Agonia do amanhã
Não saber o que dizer e o que pensar
Folhas que caem na manhã
Viver de outono não é o que quero
Desejos incontroláveis de um beijo seu
Queria não sentir e espero
jamais voltar ao amor que morreu
Lutar nem sempre é a questão
de que adianta derramar lágrimas
sobre o chão?
Nessas horas que são
no tempo que nunca sai
direi da paixão que se esvai pelos meus dedos
o quanto foi em vão a infinutude de um coração.
Agonia do amanhã
Não saber o que dizer e o que pensar
Folhas que caem na manhã
Viver de outono não é o que quero
Desejos incontroláveis de um beijo seu
Queria não sentir e espero
jamais voltar ao amor que morreu
Lutar nem sempre é a questão
de que adianta derramar lágrimas
sobre o chão?
Nessas horas que são
no tempo que nunca sai
direi da paixão que se esvai pelos meus dedos
o quanto foi em vão a infinutude de um coração.
Noite de elite
Mais um Prêmio Embratel..
Noite de encontrar os amigos e coleguinhas loucos perambulando pelo Canecão. Todo Prêmio é assim, família reunida e sorrisos espalhados.
Mal a apresentação começa e se inicia a fanfarronice. Assovios, palmas e gritos, e claro, palavras de carinho para aqueles que conhecemos.
Murício Menezes não cansa de ser engraçado. Sempre sobe no palco com uma nova piadinha para contar. Muitos o adoram. Mas ninguém sabe que aquele homem de quase dois metros de altura, dormiu bebâdo na minha cama e da Rá, num desses encontros de jornalistas. Enfim, o cara é um mala.
O grande prêmio desse ano, foi para o Eduardo Faustini, cabeçudo mor,que me prometeu umas fitas de uma série que ele fez sobre Cuba. Espero que não seja mais um papo de carioca, e que realmente ele me manda os vídeos para que eu posso desfrutar da saudade que sinto daquele lugar.
Muita cerveja, muita comida. O show do Casuarina foi impagável. Dançamos muito, todos bebâdos no meio do salão.
Noite de elite, somos quase patrões. Mamãe é a presidente do júri e a pessoa que inventou o Prèmio. Tiramos onda, andamos de lado e conversamos com pessoas desconhecidas. Um velho amigo derruba minha cerveja, já está mal, me tira para dançar e diz que temos que ir ao palco. A proposta não foi aceita, porque com certeza ele iria me derrubar de cima daquele lugar. A mulher que estava sentada ao lado, estava irritada com nossa presença. Acredito que algumas pessoas não podem ver as outras felizes e se divertindo.
Cabeça paquera a gringa. Uma canadense no samba. Professora dele de inglês, a qual ele não consegue pegar. É amigo, ou você está fraco, ou realmente a mulher não te entende. Afinal, speak in english nem sempre é fácil. Ok, baby, im waiting in you.
A festa acaba cedo, recolhemos todos os resquícios de cerva do salão, baldes se concetram em nossas mesas. As luzes já estão acesas. Os seguranças não aguentam mais nossas caras de bebâdos, nos mandam ir embora. E mais uma vez, somos expulsos da festa. Será que queremos demais ou esse pessoal é que está velho para ficar até mais tarde?? Zero 2 , pede para sair, Zero 2. Nunca será....
Brincadeiras de lado, seguimos para outro bar. Bem, não era bem um bar, era apenas o cara do isopor na frente do Canecão lucrando com nossa loucura. Alí permancemos, sorridentes e felizes por estarmos mais uma noite juntos. Anabelly é puxada pela cordinha, Raissa minha alma chique faz xixi na rua, Cabeça está indignado, Luzia resolve ir embora e Jocozinho faz amigos.
Já é tarde, meu irmão já não aguenta mais tanta conversa fiada. Pego o carro levemente sóbria e levo Moreco em casa. Pandero e Igor dormem e me deixam sozinha dirigindo, filhos da puta. São e salvos chegamos em casa, encontro meu filho e venho para o quarto dormir. Sonho com a quantidade de sorrisos recebidos e com as milhares de merdas conversadas. Será que um dia a gente muda?
Acho melhor que não....
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Meus amigos ...
Ando pensando muito nos meus amigos ultimamente e no quanto é bom ter eles por perto.
Hoje recebi uma ligação misteriosa , dizia ser um admirador e me chamava de senhorita Caetano. Morri de rir. No final das contas, era Andrezinho,meu querido. Pensei que já estivesse num cruzeiro pelo mundo e ele bem aqui pertinho em nikiti. Bom, são saudades que ainda hei de matar.
Falando desses locos que me rodeiam, fim de semana foi ótimo. Ganhei um brinde inesquecível do Victão. Por sinal Cesinha e ele continuam impagáveis. Batman e Robin, São Cosme e Damião, como vocês preferirem, eles vivem juntos mesmo. E me tiram boas gargalhadas.
Moreco, Dona Raissa, nem se fala. Minha metade, minha alma gêmea. Vocês acreditam que semana passada descobri, depois de mais de 15 anos de convivência, que ela é uma artista nata. Bailarina e pianista. Podem acreditar. Ela até se arriscou (claro depois de uma doses a mais) a fazer alguns passos no meio da formatura do meu irmão. Chamou a atenção de todos os seguranças e "barmans" que rodavam a área. Sem contar que a louca fala dormindo, pensa que está dirigindo e é total a favor de dar florais para nossos bichos. Vai entender.
Amigos amigos.. porque tê-los??
Mas se não tê-los. Como sabê-los?
Só tem doido na parada. Loreninha, minha irmâzinha surfista e a mais sequelada de todos os amigos possíveis. Essa sim, come com farinha. Ainda no aeroporto a magrela pulou encima de mim e me abriu um sorriso que pagaria meu mundo. Aqueles olhos amarelos já me renderam muita história. "Dos gardenias para ti, con ellas quiero decir. Te quiero Te adoro" Muitas lembranças que não vou colocar aqui senão a figura me mata.
Cabeça, tatu, tatuí. Boêmio, bebâdo e tudo de bom. Esse companheiro me tira do sério. Acredita que semana passada chegou de porre aqui em casa, saiu entrando e nem ligou para a Giga (carinhoso nome da minha dog alemã). Ainda tive que pagar o táxi e emprestar uma camisa do Alaor para ele ir trabalhar no dia seguinte. Dia desses também fomos a praia sem sol, tomamos uma, comemos sacolé e conversamos horas sem ter nada para fazer. Meu irmão, já cuidou de mim em muitas bebedeiras, choros e perrengues. Esse eu não troco.
Anabelly Pontes , piriquita mor. Ainda não sabemos da onde o pai dela tirou esse nome, mas diz a lenda que foi de Hollywood. Essa é figura braba e muito econômica. Cinco copos de cerveja e já sai contando para todo mundo as peripécias da Xuxa e o que o Bozo fazia com o tal telefone vermelho. A sandalinha havaiana rosa é sua predileta.
Luzia. Luiza Noya. Pessoa grande. Aquela que a gente se garante quando rola uma briga. Passaria horas contando seus traumas de infância... Ela não tem papas na língua, fala o quer, arruma amigos sem conversar e protege as pequenas das confusões.
Essas figuras eternas fazem a minha vida fazer sentido.
Lembrando aqui também do Animal, querido soneca, fanfarrão, que semana passada dormiu no carro do Câmara na Lapa e depois entrou no Zona Sul as sete da manhã e não queria sair. Quase derrubou tudo dentro do supermercado e a Larica teve o maior trabalho de convencer ele a ir embora.
Manelito, fofíssimo, que ainda não encontrei e que morro de saudade. Esse sim botava fé em mim,e acreditava que eu ia virar cantora. hehehe
Bruno Postiga, beautiful, que fica de cueca na casa da chefe. Edu Aveiro, flamenguista e cachaceiro. Daniel Pereira meu querido sambista e Rafael Gigante protistuto máximo.
E só para completar, meus dois brothers, os amores da minha vida: meus irmãos. Eles cresceram demais nesses últimos anos e olha que já limpei muito a bunda dos marmanjos. Eles são tudo que eu mais amo na minha vida. São meu porto seguro.
Ah, e não podia esquecer, Shuan, meu filho. Ele acha que é gente, resmunga, peida e ronca de madrugada. Mas me faz companhia como ninguém e me ama incondicionalmente.
Aqueles que não citei não foram deixados de lado, tenho muitos amigos e todos eles têm seu lugarzinho guardado.
Quando voltei para o Brasil achei que a vida ia ser difícil, porém essas figuras fazem os meus dias plenos. Enchem minha vida de alegria, de sorrisos e trazem o que é melhor deles para mim.
Obrigada por existirem.
"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Hoje recebi uma ligação misteriosa , dizia ser um admirador e me chamava de senhorita Caetano. Morri de rir. No final das contas, era Andrezinho,meu querido. Pensei que já estivesse num cruzeiro pelo mundo e ele bem aqui pertinho em nikiti. Bom, são saudades que ainda hei de matar.
Falando desses locos que me rodeiam, fim de semana foi ótimo. Ganhei um brinde inesquecível do Victão. Por sinal Cesinha e ele continuam impagáveis. Batman e Robin, São Cosme e Damião, como vocês preferirem, eles vivem juntos mesmo. E me tiram boas gargalhadas.
Moreco, Dona Raissa, nem se fala. Minha metade, minha alma gêmea. Vocês acreditam que semana passada descobri, depois de mais de 15 anos de convivência, que ela é uma artista nata. Bailarina e pianista. Podem acreditar. Ela até se arriscou (claro depois de uma doses a mais) a fazer alguns passos no meio da formatura do meu irmão. Chamou a atenção de todos os seguranças e "barmans" que rodavam a área. Sem contar que a louca fala dormindo, pensa que está dirigindo e é total a favor de dar florais para nossos bichos. Vai entender.
Amigos amigos.. porque tê-los??
Mas se não tê-los. Como sabê-los?
Só tem doido na parada. Loreninha, minha irmâzinha surfista e a mais sequelada de todos os amigos possíveis. Essa sim, come com farinha. Ainda no aeroporto a magrela pulou encima de mim e me abriu um sorriso que pagaria meu mundo. Aqueles olhos amarelos já me renderam muita história. "Dos gardenias para ti, con ellas quiero decir. Te quiero Te adoro" Muitas lembranças que não vou colocar aqui senão a figura me mata.
Cabeça, tatu, tatuí. Boêmio, bebâdo e tudo de bom. Esse companheiro me tira do sério. Acredita que semana passada chegou de porre aqui em casa, saiu entrando e nem ligou para a Giga (carinhoso nome da minha dog alemã). Ainda tive que pagar o táxi e emprestar uma camisa do Alaor para ele ir trabalhar no dia seguinte. Dia desses também fomos a praia sem sol, tomamos uma, comemos sacolé e conversamos horas sem ter nada para fazer. Meu irmão, já cuidou de mim em muitas bebedeiras, choros e perrengues. Esse eu não troco.
Anabelly Pontes , piriquita mor. Ainda não sabemos da onde o pai dela tirou esse nome, mas diz a lenda que foi de Hollywood. Essa é figura braba e muito econômica. Cinco copos de cerveja e já sai contando para todo mundo as peripécias da Xuxa e o que o Bozo fazia com o tal telefone vermelho. A sandalinha havaiana rosa é sua predileta.
Luzia. Luiza Noya. Pessoa grande. Aquela que a gente se garante quando rola uma briga. Passaria horas contando seus traumas de infância... Ela não tem papas na língua, fala o quer, arruma amigos sem conversar e protege as pequenas das confusões.
Essas figuras eternas fazem a minha vida fazer sentido.
Lembrando aqui também do Animal, querido soneca, fanfarrão, que semana passada dormiu no carro do Câmara na Lapa e depois entrou no Zona Sul as sete da manhã e não queria sair. Quase derrubou tudo dentro do supermercado e a Larica teve o maior trabalho de convencer ele a ir embora.
Manelito, fofíssimo, que ainda não encontrei e que morro de saudade. Esse sim botava fé em mim,e acreditava que eu ia virar cantora. hehehe
Bruno Postiga, beautiful, que fica de cueca na casa da chefe. Edu Aveiro, flamenguista e cachaceiro. Daniel Pereira meu querido sambista e Rafael Gigante protistuto máximo.
E só para completar, meus dois brothers, os amores da minha vida: meus irmãos. Eles cresceram demais nesses últimos anos e olha que já limpei muito a bunda dos marmanjos. Eles são tudo que eu mais amo na minha vida. São meu porto seguro.
Ah, e não podia esquecer, Shuan, meu filho. Ele acha que é gente, resmunga, peida e ronca de madrugada. Mas me faz companhia como ninguém e me ama incondicionalmente.
Aqueles que não citei não foram deixados de lado, tenho muitos amigos e todos eles têm seu lugarzinho guardado.
Quando voltei para o Brasil achei que a vida ia ser difícil, porém essas figuras fazem os meus dias plenos. Enchem minha vida de alegria, de sorrisos e trazem o que é melhor deles para mim.
Obrigada por existirem.
"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
sábado, 24 de novembro de 2007
Quase...
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
(Sarah Westphal Batista da Silva)
Caminhos se desencontram?
Subindo a ladeira
Descendo a avenida
Carros na contramão
Sinais tortos
Placas adulteradas
Tremores nas mãos
Esquinas que se partem
sem sentido
na correria cotidiana
das palavras nunca ditas
Refaço o caminho
Reflito
Infeliz do moinho que não se moveu
O poste desviado
O coração despedaçado
As luzes que se vão....
Descendo a avenida
Carros na contramão
Sinais tortos
Placas adulteradas
Tremores nas mãos
Esquinas que se partem
sem sentido
na correria cotidiana
das palavras nunca ditas
Refaço o caminho
Reflito
Infeliz do moinho que não se moveu
O poste desviado
O coração despedaçado
As luzes que se vão....
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Poema em linha reta
"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil.
Eu tantas vezes irrespondívelmente parasita,
Indesculpavelmente parasita.
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante.
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo
Toda gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho;
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o "Ideal", se os ouço e me falam.
Que há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?"
Fernando Pessoa
Se só pensando é que se sente,
talvez seja melhor não pensar.
Fazer de conta, sonhar, pular fora,
jogar palavras ao vento, deixar de ser.
Desmaterializar as coisas irritantes que são reais demais
e se envolver somente em fantasia.
Sorrir para o espelho, dançar nua em casa,
sentir raiva dos seus pés tortos
e mesmo assim achar graça das imperfeições humanas.
Cantar no chuveiro, comer um pote de sorvete
de creme sem culpa,
fazer bolhas de sabão, andar a noite pelas ruas.
Tomar uma cerveja tão gelada que chega a doer a cabeça,
um banho de mar para lavar os maus
cuidar do seu cachorro que acha que é gente
e deitar na cama achando que está nas nuvens.
Se a vida fosse perfeita,
todos os dias poderiam ser assim.
Esqueceríamos as dores, o sofrimento
e as dificuldades.
E os obstáculos seriam apenas
algodões doces para a alma.
domingo, 18 de novembro de 2007
Nada melhor do que fazer nada
Chocolate, tutti fruti, frutos do mar, whisky. Rir , ler, viajar, namorar, música, cinema, sexo e amigos. Essas são as pequenas coisas que me deixam feliz, porém não importa o que digam os hiperativos homens e mulheres modernos , nada é mais prazeroso do que o ócio.
Passar uma tarde de segunda-feira sem ter absolutamente nada para fazer, não tem preço. Uma boa cama, um bom travesseiro, TV ligada, livros ao redor, um quarto escuro, dormir sem ter hora para acordar. Fazer nada dá um trabalho tremendo e exige certa desenvoltura. São anos de prática de pura preguiça e criatividade ociosa.
Há quem diga que não ter nada para fazer é uma chatice entediante. Há outros que acreditam que a preguiça é o mau da humanidade. Posso dizer que essas pessoas são maus preguiçosos.
Dorival Caymmi com seus 80 anos , não abre mão de sua rede e do seu aconchego. O velho Chinaski ganhou dinheiro com seu jeito vagabundo e com suas histórias. Até mesmo Frederic Nietzsche usou o nada para refletir e filosofar sobre o mundo. Neruda era um admirador da preguiça, assim como Pessoa , que inventou heterônimos para se divertir com a ociosidade.
Posso apostar que as maiores idéias não saíram de momentos de trabalho, que os maiores escritores não fizeram suas prosas em meio as multidões e que os mais pirados físicos e matemáticos não criaram as leis que regem o mundo festejando a vida.
Newton não pensou nas leis naturais dentro de uma sala de aula, Einstein criou a lei da relatividade porque tinha demasiado tempo livre para pensar nela e Kepler formulou as três principais leis da mecânica olhando os astros e as estrelas no ceú.
Quanto tempo eles tinham...
O que seria da vida sem o ócio?
A ode que faço a preguiça não é simplesmente uma vocação. É que pensando nela e no mundo as avessas que vivemos , pude ver que as pessoas não param. Não param para nada. Não param para pensar, não param para olhar quem está ao lado, não param para amar. Talvez seja por isso que o planeta esteja um fiasco.
Então que assim seja, que meu registro valha de alguma coisa. E...
Que viva a preguiça!
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Aos que fazem a minha vida valer à pena
"Meus amigos
são todos assim...
metade loucura,
metade santidade.
Escolho-os não pela pele,
mas pela pupila....
Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
Amigos... Fico com aqueles
que fazem de mim
"louco" e "santo".
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam
dúvidas e angústias
e agüentem
o que há de pior em mim.
Coisa de louco...
Louco que senta,
horas e horas,
de conversa ou de silêncio
e espera a chegada
da lua cheia...
Amigos, Quero-os santos,
para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero risos previsíveis,
nem choros piedosos.
Não quero deles só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria...
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira,
metade seriedade:
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem.
Mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto...
E velhos, para que nunca tenham pressa.
Amigos, preciso deles para saber quem eu sou,
pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei que a normalidade
é uma ilusão... estéril!"
(Autor Desconhecido)
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Versos Íntimos
"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo, Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja esta mão vil que te afaga,
Escarra nesta boca que te beija!"
[Augusto dos Anjos]
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Pensando em tudo que foi meu
tudo que já não é
e tudo que se constrói
O sol frio de cada manhã
abre as portas para o desconhecido
são sinais em cada momento
A liberdade que respiro
entra pelas narinas suave e inconstante
vôo para além do horizonte
Me esvaio em palavras
e remotas sensações
Me sinto novamente
assim, louca
no passar das horas
e a cada instante.
domingo, 4 de novembro de 2007
Himno
"Esta manana
hey en el aire la increible fragancia
de las rosas del Paraíso.
En la margem del Eufrátes
Adán descubre la frescura del agua.
Una lluvia de oro cae del cielo;
es el amor de Zeus.
Salta del mar un pez
y y un hombre de Agrigento recordará
haber sido ese pez.
En la caverna cuyo nombre será Altamira
una mano sin cara traza la curva
de um lomo de bisonte.
La lenta mano de Virgilio acaricia
la seda que trajeron
del reino del Emperador Amarillo
las caravanas y las naves.
El primer ruisenor canta en Hungria
Jesus ve en la moneda el perfil de César
Pitágoras revela a su griegos
que la forma del tiempo es la del círculo
En una isla del Oceáno
los lebreles de plata persiguen a los ciervos de oro.
En un yunque forjan la espada
que será fiel a Sigurd.
Whitman canta en Manhatan.
Homero nace en siete ciudades.
Una doncella acaba de apresar
al unicornio blanco.
Todo el pasado vuelve como una ola
y esas antiguas cosas recurren
porque una mujer te ha besado."
(Jorge Luis Borges - Argentina)
hey en el aire la increible fragancia
de las rosas del Paraíso.
En la margem del Eufrátes
Adán descubre la frescura del agua.
Una lluvia de oro cae del cielo;
es el amor de Zeus.
Salta del mar un pez
y y un hombre de Agrigento recordará
haber sido ese pez.
En la caverna cuyo nombre será Altamira
una mano sin cara traza la curva
de um lomo de bisonte.
La lenta mano de Virgilio acaricia
la seda que trajeron
del reino del Emperador Amarillo
las caravanas y las naves.
El primer ruisenor canta en Hungria
Jesus ve en la moneda el perfil de César
Pitágoras revela a su griegos
que la forma del tiempo es la del círculo
En una isla del Oceáno
los lebreles de plata persiguen a los ciervos de oro.
En un yunque forjan la espada
que será fiel a Sigurd.
Whitman canta en Manhatan.
Homero nace en siete ciudades.
Una doncella acaba de apresar
al unicornio blanco.
Todo el pasado vuelve como una ola
y esas antiguas cosas recurren
porque una mujer te ha besado."
(Jorge Luis Borges - Argentina)
terça-feira, 23 de outubro de 2007
"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." (Clarice Lispector)
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
De pinga asere!
Jà havia me esquecido de como me soa bens ao ouvido o bom espanhol cubano e estar com os amigos. Ontem estàvamos em Havana , hoje estamos em Barcelona e amanha sabe se là o que acontece.. Os dias voam. Barcelona parece um filme daqueles bem antigos respirando arte e cultura. Edifìcios de Gaudí se confundem com a gente que passa (como eu: jà nao podendo mais fechar a boca), o barroco dos saloes , as ruas tortas, o bairro gòtico , a casa de Picasso... acabo escrevendo mais do que devia.. Mais os sonhos se confundem..
Equanto Freud acredita no inconsciente , a vida se passa sem sabê-lo. Viajo mais que isso e penso no Matrix. UHUUUUU Estou acordada ou sonho com essas coisas loucas que tenho visto? Que piracao!
Tento assistir os jornais da televisao , mas o catalao me parece outra coisa. A janela aberta sem nenhum medo, o travesseiro vazio.
Ai que solidao boa que me suga as veias, ai que paixao loca de repente por mim mesma. Os sonhos sao sempre deliciosos, mas sao sonhos. Que esse nao dure para sempre , que nao seja o melhor deles, que nao tenha forcas para ser completo, excitante, louco... mas que lo pasé suave , asere! Que seas enpigado!
ps. nao sei como por os acentos nessa màquina , é uma maquina espanhola hehehee
espero que nao se importem...
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Rotina
Dias de glórias são aqueles que sorrimos ao deitar a cabeça no travesseiro.
Dias esses que se tornaram raros na minha rotina.
Levantar e se olhar no espelho , não ver sua imagem.
Duros retratos partidos , cartas rasgadas, bingas de cigarros espalhadas.
Penso que nunca teria escolhido esse caminho. Um muro de pedras se despedaçou. Um milhão de projetos, pensamentos. Perdida .. e louca para estudar.
Saudades de casa.
Dia após dia penso nas idéias controversas
idéias que se perdem
idéias que vão e voltam
idéias que voam com o vento
idéias que surgem e ressurgem
Trocaria meu mundo de idéias por coisas mais consistentes.
Dividiria o meu eu.
Entregaria minha alma.
Morreria nos seus braços.
O amor não é racional.
Não existe fração.
Ficção.
Moderação.
Idéias se esgotam.
Sentimentos prevalecem.
Dias esses que se tornaram raros na minha rotina.
Levantar e se olhar no espelho , não ver sua imagem.
Duros retratos partidos , cartas rasgadas, bingas de cigarros espalhadas.
Penso que nunca teria escolhido esse caminho. Um muro de pedras se despedaçou. Um milhão de projetos, pensamentos. Perdida .. e louca para estudar.
Saudades de casa.
Dia após dia penso nas idéias controversas
idéias que se perdem
idéias que vão e voltam
idéias que voam com o vento
idéias que surgem e ressurgem
Trocaria meu mundo de idéias por coisas mais consistentes.
Dividiria o meu eu.
Entregaria minha alma.
Morreria nos seus braços.
O amor não é racional.
Não existe fração.
Ficção.
Moderação.
Idéias se esgotam.
Sentimentos prevalecem.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Desejo
"Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel...
E muito carinho meu. "
Carlos Drumond de Andrade
Dois meses pensando na vida ... dois meses de férias do mundo e de mim mesma... das minhas chatices ..dos meus erros e dos meus acertos....longe de casa ...
Me sinto nova , ressucitada.. reerguida..
forte ..
teorias controversas sobre o amor ...
pensamentos contínuos....
"Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor." (Honoré de Balzac)
"Em certa idade, quer pela astúcia quer por amor próprio, as coisas que mais desejamos são as que fingimos não desejar." (Marcel Proust)
"O que é o amor? Amor é quando uma pessoa conhece todos seus segredos... seu mais profundo, escuro, e terrível segredo que ninguém mais no mundo conhece... e ainda no fim, aquela pessoa não pensa menos de você; até mesmo se o resto do mundo o faz." (Autor desconhecido)
SERÁ???
domingo, 14 de outubro de 2007
Do lado da estrela ....
Mais um sábado de ressaca da vida. Aqui na terrinha a vida parece mais fácil. Acordar, lavar o rosto, deixar o cabelo e para trocar de roupa depois. Saio na rua descalça, levo as fofas das cachorras do meu velho para passear. Fumo meu cigarro. Rio sozinha. Minha irmã encontra os amigos, tomamos uma. Conversamos sobre coisas sem sentido. Eles tomam um café para ver o jogo que vai passar na televisão do bar. Bar? Não. Aqui é coisa de elite, TV de plasma ,piso limpo e sem salgadinhos porcos na bancada. Ovos então, nem pensar. Mas quando vi aqueles meninos tomando café, pensei na saudade que sinto dos botecos e dos bares sujos que frequentava. Com direito a passar mal em um banheiro que mal cabia uma pessoa. E seu amigo mais louco que você tentando ajudar e tirar um canudinho de dentro da garafinha de coca-cola. Coisas que ficam guardadas para sempre.
Enfim, o dia passa lento como todos os dias desses últimos meses. A noite chega tarde. Sair de casa, curtir a minha irmã. Sem um puto no bolso, mas com coisas por rolar, ponho minha roupa de duende. Um novo casaco que comprei rastafari que tem um gorro gigante. A minha cara. Maninha acha 10 euros no bolso, podemos tomar umas. Sentamos, rimos, fumamos.. Mais um monte de conversas sem sentido. Me lembrei de uma matéria que li numa revista que comprei aqui: Foi desenvolvida uma roupa para saltarmos de para-quedas do espaço. Uma armadura praticamente. Ponho o assunto na roda, as pessoas riem e se pegam a imaginar coisas. Um cara fica cismado com o assunto, não consegue entender, acha loucura, viagem, maluquice.Tenho certeza eu li a matéria na Superinteressante daqui. O pior e que os primeiros malucos que vão saltar, vão ser escolhidos num programa de televisão. Inacreditável, não é? Depois do assunto ser discutido exaustivamente e de todos morrerem de rir de conclusões erradas. Um silêncio. O tipo continua cismado com o assunto e se imagina no espaço, caindo... "Eh pá, tu podes imaginar tu do lado da estrela". Mais um momento de silêncio. Crises de risos começam assim. Gargalhadas eram ouvidas ao longe. Dóia as bochechas , as barrigas e os sorrisos continuavam. Pessoas se contorciam. Já é tarde , estou cansada. Volto para casa andando e pensando na vida. Sorridente , entro , meu velho me espera. Botamos um filme desses bem patetas , onde uns malucos jogam dodgeball e o Ben Stiller está impagável com suas roupinhas de ginástica. Todos riem. O filme acaba , minha irmã dorme tranquila. Sossegada e deitada no sofá esperando o sono chegar, penso como a vida devia ser menos complicada. A gente complica tudo mesmo. O sono chega e já posso sonhar com as nuvens, com o espaço , com a tal armadura.... penso como seria saltar de pára-quedas com uma estrela grudada na mochila. hehehehe Fixe!
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
COMANDANTE CHE GUEVARA
"Aprendimos a quererte
desde la histórica altura
donde el sol de tu bravura
le puso un cerco a la muerte.
Aquí se queda la clara,
la entrañable transparencia,
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara.
Tu mano gloriosa y fuerte
sobre la historia dispara
cuando todo Santa Clara
se despierta para verte.
Aquí se queda la clara,
la entrañable transparencia,
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara.
Vienes quemando la brisa
con soles de primavera
para plantar la bandera
con la luz de tu sonrisa.
Aquí se queda la clara,
la entrañable transparencia,
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara.
Tu amor revolucionario
te conduce a nueva empresa
donde esperan la firmeza
de tu brazo libertario.
Aquí se queda la clara,
la entrañable transparencia,
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara.
Seguiremos adelante
como junto a ti seguimos
y con Fidel te decimos:
hasta siempre Comandante.
Aquí se queda la clara,
la entrañable transparencia,
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara."
(Carlos Puebla, 1965)
terça-feira, 9 de outubro de 2007
40 ANOS SEM CHE .....
" Nós que, pelo império das circunstâncias, dirigimos
a revolução, não somos donos da verdade, menos ainda
de toda a sapiência do mundo. Temos que aprender todos
os dias. No dia em que deixarmos de aprender, que acreditarmos
saber tudo ou que tivermos perdido nossa capacidade de contato
ou de intercâmbio com o povo e com a juventude, será o dia em
que teremos deixado de ser revolucionários e, então, o melhor
que vocês poderiam fazer seria jogar-nos fora..."
Nessa época ainda existia brilhantismo, amor e ideologia. Ainda existia esperança.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Viagenssssssss
Os poetas não me deixam. As poesias não calam. Os braços estão fortes e trêmulos. Minha cabeça roda.Misturo sincronismo com climas e energias que se formam de maneira estranha. Pulo para o outro lado. Pego minha caneta e meu caderno quadrado e só faço escrever. Pensamentos tortos de uma menina que não cresceu. Prefiro assim a minha descrição. Uma menina que prefere ser menina, porque crescer é doloroso. Sim. Não cresceu e não quer crescer. Olho para meus pais e vejo quanta dor a vida lhes causou. Eles tem os olhos amargos e duros. Os olhos de uma menina brilham e o sorriso é sempre travesso. Quem foi que disse que temos que crescer e virar uns velhos? Pretendo ficar bem longe desse mal.
Os dias na terrinha passam e a saudade aumenta . Faço de conta que não, mas sinto falta de casa. Sempre sinto. O amigo ao telefone te gritando, mãe chorando. Sinto aquela pontinha de melancolia. Vida que segue e vida que para. Decisões dificéis de tomar e dias que não voltam atrás. Insônia, medo, calafrios. Minha barriga já não aguenta mais tantos pesadelos. Penso na vida, nas ecolhas seguidas e faço minha oração.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
É Proibido
È proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
Pablo Neruda
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Fumo
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...
Florbela Espanca
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...
Florbela Espanca
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
sábado, 15 de setembro de 2007
"Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o alguém da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!"
Mário Quintana
Noites em claro
Vícios antigos e novos
Saudades
Peças de um quebra cabeça
que ainda não está pronto
A mente aberta
fragilizada
Controlando firme a ventania
tentando por vezes
fazer de conta
Deitar a cabeça
e como uma criança dormir
pensando que o amanhã há de ser outro
Posso cair e levantar
quantas vezes forem necessárias
Pode ser doloroso
Podem ser cruel
Podem nao me aceitar
Mas não podem (isso nunca)
me impedir de sonhar ....
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Uns Versos Quaisquer
Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .
Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .
Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .
Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . . Pra quê o pensamento? . . .
11.10.1914
Fernando Pessoa
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .
Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .
Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .
Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . . Pra quê o pensamento? . . .
11.10.1914
Fernando Pessoa
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
de que adiantam palavras?
torpes pensamentos de uma mente insana
quem sabe o que na verdade acontece?
não sei por onde andas e nem mais quem és
palavras..palavras..palavras ..
misturadas e confusas
embaralhadas ..
a morte que chega ao longe
já respira sossegada de agonia ..
e se viver essa vida cretina é uma opção
que assim seja ..
nao quero viver de lampejos ..
nao quero viver morrendo ..
e nao quero uma vida feita somente de palavras ...
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Vaidade
" Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada!..."
Florbela Espanca
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada!..."
Florbela Espanca
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."
Fernando Pessoa, 1934
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."
Fernando Pessoa, 1934
"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro"
Pablo Neruda
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro"
Pablo Neruda
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
As vezes entre a tormenta
Às vezes entre a tormenta,
quando já umedeceu,
raia uma nesga no céu,
com que a alma se alimenta.
E às vezes entre o torpor
que não é tormenta da alma,
raia uma espécie de calma
que não conhece o langor.
E, quer num quer noutro caso,
como o mal feito está feito,
restam os versos que deito,
vinho no copo do acaso.
Porque verdadeiramente
sentir é tão complicado
que só andando enganado
é que se crê que se sente.
Sofremos? Os versos pecam.
Mentimos? Os versos falham.
E tudo é chuvas que orvalham
folhas caídas que secam.
Fernando Pessoa
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Partida
Nenhum dia se compara a esse dia
Queria que alguma voz me dissesse
que tudo que fiz não foi em vão
Queria que fosse apenas um pesadelo
Alguma voz que me confortasse
Alguma luz que te trouxesse para mim
Como são estúpidas as esperanças,
as expectativas , o otimismo
Te deixo porque não posso mais deixar a mim
Vou embora porque não te tenho
e não posso viver perto de você
Parto porque não me pedes para ficar
E morro de te amar
porque não posso mais seguir
Queria que alguma voz me dissesse
que tudo que fiz não foi em vão
Queria que fosse apenas um pesadelo
Alguma voz que me confortasse
Alguma luz que te trouxesse para mim
Como são estúpidas as esperanças,
as expectativas , o otimismo
Te deixo porque não posso mais deixar a mim
Vou embora porque não te tenho
e não posso viver perto de você
Parto porque não me pedes para ficar
E morro de te amar
porque não posso mais seguir
Para os que morrem todos os dias, ou os que morremos um pouco de vez em quando:
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala a quem não conhece;
Morre lentamente quem faz da TV o seu Guru ou quem evita uma paixão,quem não segue os seus impulsos e prefere tudo a preto e branco e os pontos sobre os "is" a um remoinho de emoções, justamente os que não resgatam o brilho de um olhar, um sorriso de um bocejo, e quem tem medo de corações aos tropeções e de sentimentos;
Morre lentamente que não atira os papeis ao ar quando está feliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez ao dia fugir dos conselhos sensatos;
Morre lentamente quem não viaja, não lê,não ouve música, quem nao acha graça a si mesmo, quem destroi o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar, quem passa os dias a queixar-se da sua má sorte ou da chuva incessante, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves prestações recordando sempre que estar vivo exige mais que
simplesmente respirar.
Se vais enganar, que seja o teu estomago, se vais chorar que seja de alegria, se vais mentir que seja sobre a tua idade, se vais roubar, que seja um beijo, se vais perder, que seja o medo, se tens fome, que seja de amor, e se é para ser feliz,... que o sejas todos os dias!
Pablo Neruda
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala a quem não conhece;
Morre lentamente quem faz da TV o seu Guru ou quem evita uma paixão,quem não segue os seus impulsos e prefere tudo a preto e branco e os pontos sobre os "is" a um remoinho de emoções, justamente os que não resgatam o brilho de um olhar, um sorriso de um bocejo, e quem tem medo de corações aos tropeções e de sentimentos;
Morre lentamente que não atira os papeis ao ar quando está feliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez ao dia fugir dos conselhos sensatos;
Morre lentamente quem não viaja, não lê,não ouve música, quem nao acha graça a si mesmo, quem destroi o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar, quem passa os dias a queixar-se da sua má sorte ou da chuva incessante, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em suaves prestações recordando sempre que estar vivo exige mais que
simplesmente respirar.
Se vais enganar, que seja o teu estomago, se vais chorar que seja de alegria, se vais mentir que seja sobre a tua idade, se vais roubar, que seja um beijo, se vais perder, que seja o medo, se tens fome, que seja de amor, e se é para ser feliz,... que o sejas todos os dias!
Pablo Neruda
domingo, 5 de agosto de 2007
Lá fora o vento já traz a noite
inconstante e sombria
as luzes da cidade respiram
os carros que posso ver ao longe
voam junto ao meu pesar
Escorre uma lágrima
Doce como um rio
Sublime fronte a solidão
Areias jogadas ao tempo
Pedaços inconfundíveis de lembranças
Mais uma noite se vai
A cortina estreita e branca do meu quarto
já se torna rotina
Minha pele resseca sua ausência
E meu amor se transmuta na distância
Fotos não se fazem presença
somente unificam saudades
Fazem de mim uma pobre errante
Amor que consome minha alma
destrói minha fortaleza
faz pouco do meu sorriso
Afronta minha racionalidade
Sonho em poder beijar o canto da sua boca
e poder enfim
esperar tranquila o sono chegar
inconstante e sombria
as luzes da cidade respiram
os carros que posso ver ao longe
voam junto ao meu pesar
Escorre uma lágrima
Doce como um rio
Sublime fronte a solidão
Areias jogadas ao tempo
Pedaços inconfundíveis de lembranças
Mais uma noite se vai
A cortina estreita e branca do meu quarto
já se torna rotina
Minha pele resseca sua ausência
E meu amor se transmuta na distância
Fotos não se fazem presença
somente unificam saudades
Fazem de mim uma pobre errante
Amor que consome minha alma
destrói minha fortaleza
faz pouco do meu sorriso
Afronta minha racionalidade
Sonho em poder beijar o canto da sua boca
e poder enfim
esperar tranquila o sono chegar
Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Escolha
Talvez hoje eu queira simplesmente falar de amor
E me sentir diferente
Deixar de lado um pouco aquela loucura
e a insensatez que tem por vezes me consumido
Não sei do tempo nem das horas
Nem sei ao certo quem sou
Vivo no meio das multidões
sou mais uma alí
que se camufla e se mistura
Mas hoje não.
Hoje as folhas caíram lentamente das árvores
O dia adormeceu sossegado
E algo imcompreensível tomou conta de mim
Tentei esconder, lutei
Fingi que o nada era melhor
E quis tudo de uma vez
Andei só
Ultrapassei a embriaguez
Me enchi de momentos
E morri
Morri nos teus braços
E nesses olhos tristes
Roubei o teu cheiro
Quis te dizer, mas algo me cala
Nossas vidas se confudem
Se fazem e se desfazem
Rompe limites dos amores impossíveis
E cansa..
Desistir talvez fosse mais fácil
Mais óbvio, mais sensato
Mas já não é mais uma escolha.
E me sentir diferente
Deixar de lado um pouco aquela loucura
e a insensatez que tem por vezes me consumido
Não sei do tempo nem das horas
Nem sei ao certo quem sou
Vivo no meio das multidões
sou mais uma alí
que se camufla e se mistura
Mas hoje não.
Hoje as folhas caíram lentamente das árvores
O dia adormeceu sossegado
E algo imcompreensível tomou conta de mim
Tentei esconder, lutei
Fingi que o nada era melhor
E quis tudo de uma vez
Andei só
Ultrapassei a embriaguez
Me enchi de momentos
E morri
Morri nos teus braços
E nesses olhos tristes
Roubei o teu cheiro
Quis te dizer, mas algo me cala
Nossas vidas se confudem
Se fazem e se desfazem
Rompe limites dos amores impossíveis
E cansa..
Desistir talvez fosse mais fácil
Mais óbvio, mais sensato
Mas já não é mais uma escolha.
domingo, 29 de julho de 2007
sábado, 28 de julho de 2007
SONETO XXV
Antes de amarte, amor, nada era mío:
vacilé por las calles y las cosas:
nada contaba ni tenía nombre:
el mundo era del aire que esperaba.
Yo conocí salones cenicientos,
túneles habitados por la luna,
hangares crueles que se despedían,
preguntas que insistían en la arena.
Todo estaba vacío, muerto y mudo,
caído, abandonado y decaído,
todo era inalienablemente ajeno,
todo era de los otros y de nadie,
hasta que tu belleza y tu pobreza
llenaron el otoño de regalos.
Pablo Neruda
Antes de amarte, amor, nada era mío:
vacilé por las calles y las cosas:
nada contaba ni tenía nombre:
el mundo era del aire que esperaba.
Yo conocí salones cenicientos,
túneles habitados por la luna,
hangares crueles que se despedían,
preguntas que insistían en la arena.
Todo estaba vacío, muerto y mudo,
caído, abandonado y decaído,
todo era inalienablemente ajeno,
todo era de los otros y de nadie,
hasta que tu belleza y tu pobreza
llenaron el otoño de regalos.
Pablo Neruda
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Noites sombrias - autores
Às vezes à noite me apavora. São milhares de livros em minha estante. Escritores de diversas linhas se misturam e conversam com meu quarto. Não estou sozinha.
Olho para o uísque e lá está o velho Chinaski dando boas risadas e fumando meus charutos. Loucas histórias de delírios cotidianos.
Gárcia Márquez contempla minhas enciclopédias. Sinto raiva. Ninguém escreve como ele. Suas prosas enchem minha alma e transparecem minha estupidez. Entre Amor e Demônios, é o gigante da literatura.
Galeano é inteligente, político e irônico. Encontro-o com um abraço. O homem de dias e noites de amor e guerra tem muito a dizer. Nesse mundo Vagamundo faço dele meu escudo para insensatos pensamentos.
Clarice e Adélia Prado são como irmãs. Mulheres que me abraçam como mães e me apóiam como feras. Elas já mostraram do que são capazes.
Neruda é minha inspiração. Um Coração Amarelo que espanta a tristeza. Abre meu último vinho Santa Helena e fala de suas Residências, lugar onde ficam as saudades.
Nietzsche me olha de canto de olho, é um cara complicado, não gosta de conversa. Zaratrusta, o anti-profeta, inverte meus valores e exalta a existência.
Huxley não para quieto, é o tipo de cara que gosta de experimentar coisas novas. O Admirável Mundo Novo do meu quarto não o dá prazer. As portas estão fechadas.
Meu companheiro e meu xará. Pessoa é como eu: Fernando de alma e coração. Juntos escrevemos rimas para o infinito.
As coisas ficam confusas quando surge Baudelaire e o poema do haxixe. Seus Paraísos Artificiais são referências para tudo que se escreveu sobre drogas depois dele. Os Melhores Contos de Loucura, Machado, Allan Poe e João do Rio, o reverenciam. Estão juntos, quase inseparáveis.
O quarto fica pequeno.
Guevara está admirando seu quadro na parede. Fidel em a História me Absolverá, faz mais um de seus longos discursos. Fernando Morais escuta atento. Martí os abraça e sorri acreditando que tudo que fez não foi em vão. Gutiérrez não gosta do ambiente.
Toda noite é assim. Eles vão e vêm.
Nelson Rodriguez sabe como a vida é. Sartre esboça sua teoria das emoções. Foucault se auto vigia. Rubem Fonseca só faz de conta. João Ubaldo finge que é mulher. Kafka viaja que é um inseto. E Shakespeare traz seus sonhos de verão.
Quanta loucura!
Já no fim da noite aparece Rimbaud. Apocalíptico e Louco. É ele que traz as trevas e vela o meu sono.
Olho para o uísque e lá está o velho Chinaski dando boas risadas e fumando meus charutos. Loucas histórias de delírios cotidianos.
Gárcia Márquez contempla minhas enciclopédias. Sinto raiva. Ninguém escreve como ele. Suas prosas enchem minha alma e transparecem minha estupidez. Entre Amor e Demônios, é o gigante da literatura.
Galeano é inteligente, político e irônico. Encontro-o com um abraço. O homem de dias e noites de amor e guerra tem muito a dizer. Nesse mundo Vagamundo faço dele meu escudo para insensatos pensamentos.
Clarice e Adélia Prado são como irmãs. Mulheres que me abraçam como mães e me apóiam como feras. Elas já mostraram do que são capazes.
Neruda é minha inspiração. Um Coração Amarelo que espanta a tristeza. Abre meu último vinho Santa Helena e fala de suas Residências, lugar onde ficam as saudades.
Nietzsche me olha de canto de olho, é um cara complicado, não gosta de conversa. Zaratrusta, o anti-profeta, inverte meus valores e exalta a existência.
Huxley não para quieto, é o tipo de cara que gosta de experimentar coisas novas. O Admirável Mundo Novo do meu quarto não o dá prazer. As portas estão fechadas.
Meu companheiro e meu xará. Pessoa é como eu: Fernando de alma e coração. Juntos escrevemos rimas para o infinito.
As coisas ficam confusas quando surge Baudelaire e o poema do haxixe. Seus Paraísos Artificiais são referências para tudo que se escreveu sobre drogas depois dele. Os Melhores Contos de Loucura, Machado, Allan Poe e João do Rio, o reverenciam. Estão juntos, quase inseparáveis.
O quarto fica pequeno.
Guevara está admirando seu quadro na parede. Fidel em a História me Absolverá, faz mais um de seus longos discursos. Fernando Morais escuta atento. Martí os abraça e sorri acreditando que tudo que fez não foi em vão. Gutiérrez não gosta do ambiente.
Toda noite é assim. Eles vão e vêm.
Nelson Rodriguez sabe como a vida é. Sartre esboça sua teoria das emoções. Foucault se auto vigia. Rubem Fonseca só faz de conta. João Ubaldo finge que é mulher. Kafka viaja que é um inseto. E Shakespeare traz seus sonhos de verão.
Quanta loucura!
Já no fim da noite aparece Rimbaud. Apocalíptico e Louco. É ele que traz as trevas e vela o meu sono.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Fim da linha
Fim da ponte
A luta que sossega sozinha
Cruzadas insólitas da morte
Corpo sangrando lentamente
Engasgada a voz que não cala
Mão frias e ardentes
Uma imensidão incessante que dispara
Respiro a alma
Chorando por entremeios
sem luz
e sem calma
Finjo ser forte
e nas palavras me afugento
Que o coração me corte
voraz, insaciável e lento.
Os Versos mais tristes
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."
Pablo Neruda
terça-feira, 24 de julho de 2007
Poesias de Poesia
Eu
" Até agora eu não me conhecia
Julgava que era EU e eu não era
Aquela que me meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia
Mas que eu não era EU não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera ...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma
É chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
(Florbela Espanca)
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Posso não ser a melhor pessoa do mundo ...
Posso não ter a dignidade de sê-la .....
Redemoinhos se formam e se desfazem rapidamente ....
Só queria fugir dessa escuridão ....
Não vejo sonhos, não vejo estrelas ...
Tudo é profundamente escuro e negro ...
Posso não ser quem você gostaria que eu fosse ....
Posso não ser capaz de suportar , as vezes, ...
Posso não ser forte o bastante ...
Posso não ser simplesmente quem acham que eu sou ......
Posso não ter a dignidade de sê-la .....
Redemoinhos se formam e se desfazem rapidamente ....
Só queria fugir dessa escuridão ....
Não vejo sonhos, não vejo estrelas ...
Tudo é profundamente escuro e negro ...
Posso não ser quem você gostaria que eu fosse ....
Posso não ser capaz de suportar , as vezes, ...
Posso não ser forte o bastante ...
Posso não ser simplesmente quem acham que eu sou ......
domingo, 22 de julho de 2007
Ode a Pablo Neruda
Por minha parte sou, romântica por natureza, pequena de tamanho, branca de tez e grande de coração; descrente na política, xiita na esperança, adoradora do ócio, incrédula de promessas, amante da história das viagens do mundo, rápida em contestações, louca por animais, discreta no trabalho, ursa para dormir, mal-humorada de manhã, complacente, adolescente no amor, intensa com a família, saudosa do avô, desorganizada em casa, fanática por música, sem fé no acaso, sem certeza do destino, amarga enquanto briga, suave enquanto chora, sentimental por dever, admiradora das artes, leitora compulsiva, simpática por educação, odiosa da injustiça da cobiça da inveja, apreciadora do bom papo, simples com os amigos, indiferente de inimigos, agoniada pela vida, fumante por burrice, péssima em matemática, esquerdista por conviccção, irritada, covarde, sonhadora por maldição e confusa da cabeça.
AUTORETRATO
Por mi parte, soy o creo ser duro de nariz,
mínimo de ojos, escaso de pelos en la cabeza
creciente de abdomen, largo de piernas,
ancho de suelas, amarillo de tez, generoso
de amores, imposible de cálculos, confuso
de palabras, tierno de manos, lento de andar,
inoxidable de corazón, aficionado a las
estrellas, mareas, maremotos, administrador de
escarabajos, caminante de arenas, torpe de
instituciones, chileno a perpetuidad, amigo
de mis amigos, mudo de enemigos,
entrometido entre pajaros, mal educado en
casa, tímido en los salones, arrepentido sin
objeto, horrendo administrador, navegante
de boca, y yerbatero de la tinta, discreto entre
los animales, afortunado de nubarrones,
investigador en mercados, oscuro en las
bibliotecas, melancólico en las cordilleras,
incansable en los bosques, lentísimo de
conversaciones, ocurrente años después,
vulgar todo el año, resplandeciente
con mi cuaderno, monumental de apetito,
tigre para dormir, sosegado en la alegría,
inspector del cielo nocturno, trabajador
invisible y desordenado, persistente, valiente
por necesidad, cobarde sin pecado,
soñoliento de vocación, amable de mujeres,
activo por padecimiento, poeta por maldición
y tonto de capirote.
(Pablo Neruda)
mínimo de ojos, escaso de pelos en la cabeza
creciente de abdomen, largo de piernas,
ancho de suelas, amarillo de tez, generoso
de amores, imposible de cálculos, confuso
de palabras, tierno de manos, lento de andar,
inoxidable de corazón, aficionado a las
estrellas, mareas, maremotos, administrador de
escarabajos, caminante de arenas, torpe de
instituciones, chileno a perpetuidad, amigo
de mis amigos, mudo de enemigos,
entrometido entre pajaros, mal educado en
casa, tímido en los salones, arrepentido sin
objeto, horrendo administrador, navegante
de boca, y yerbatero de la tinta, discreto entre
los animales, afortunado de nubarrones,
investigador en mercados, oscuro en las
bibliotecas, melancólico en las cordilleras,
incansable en los bosques, lentísimo de
conversaciones, ocurrente años después,
vulgar todo el año, resplandeciente
con mi cuaderno, monumental de apetito,
tigre para dormir, sosegado en la alegría,
inspector del cielo nocturno, trabajador
invisible y desordenado, persistente, valiente
por necesidad, cobarde sin pecado,
soñoliento de vocación, amable de mujeres,
activo por padecimiento, poeta por maldición
y tonto de capirote.
(Pablo Neruda)
Que mundo louco ...
Paradoxos
Se a contradição for o pulmão da história, o paradoxo deverá ser, penso eu, o espelho que a história usa para debochar de nós.
Nem o próprio filho de Deus salvou-se do paradoxo. Ele escolheu para nascer, um deserto subtropical onde jamais nevou, mas a neve se converteu num símbolo universal do Natal desde que a Europa decidiu europeizar Jesus. E para mais Inri, o nascimento de Jesus é, hoje em dia, o negócio que mais dinheiro dá aos mercadores que Jesus tinha expulsado do templo.
Napoleão Bonaparte, o mais francês dos franceses,não era francês. Não era russo Josef Stálin, o mais russo dos russos;e o mais alemão dos alemães, Adolf Hitler, tinha nascido na Aústria. Margherita Sarfatti, a mulher mais amada pelo anti-semita Mussolini, era judia. José Carlos Mariátegui, o mais marxista dos marxistas latino-americanos, acreditava fervorosamente em Deus. O Che Guevara tinha sido declarado completamente incapaz pelo exército argentino.
Das mãos de um escultor chamado Aleijadinho, que era o mais feio dos brasileiros, nasceram as mais altas formosuras do Brasil. Os negros norte-americanos, os mais oprimidos,criaram o jazz, que é a mais livre das músicas. No fundo de um cárcere foi concebido o Dom Quixote, o mais andante dos cavaleiros. E cúmulo dos paradoxos, Dom Quixote nunca disse sua frase mais célebre. Nunca disse: "Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos".
"Acho que você está meio nervosa", diz o histérico. "Te odeio", diz a apaixonada. "Não haverá desvalorização", diz, na véspera da desvalorização, o ministro da Economia. "Os militares respeitam a Constituição", diz, na véspera do golpe de Estado, o ministro da Defesa.
Em sua guerra contra a revoluão sandinista, o governo dos Estados Unidos coincidia, paradoxalmente, com o Partido Comunista da Nicarágua. E paradoxais, foram, enfim, as barricadas sandinistas durante a ditadura de Somoza: as barricadas, que fechavam as ruas, abriam o caminho.
(Eduardo Galeano)
quinta-feira, 19 de julho de 2007
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