quinta-feira, 26 de julho de 2007

Noites sombrias - autores

Às vezes à noite me apavora. São milhares de livros em minha estante. Escritores de diversas linhas se misturam e conversam com meu quarto. Não estou sozinha.
Olho para o uísque e lá está o velho Chinaski dando boas risadas e fumando meus charutos. Loucas histórias de delírios cotidianos.
Gárcia Márquez contempla minhas enciclopédias. Sinto raiva. Ninguém escreve como ele. Suas prosas enchem minha alma e transparecem minha estupidez. Entre Amor e Demônios, é o gigante da literatura.
Galeano é inteligente, político e irônico. Encontro-o com um abraço. O homem de dias e noites de amor e guerra tem muito a dizer. Nesse mundo Vagamundo faço dele meu escudo para insensatos pensamentos.
Clarice e Adélia Prado são como irmãs. Mulheres que me abraçam como mães e me apóiam como feras. Elas já mostraram do que são capazes.
Neruda é minha inspiração. Um Coração Amarelo que espanta a tristeza. Abre meu último vinho Santa Helena e fala de suas Residências, lugar onde ficam as saudades.
Nietzsche me olha de canto de olho, é um cara complicado, não gosta de conversa. Zaratrusta, o anti-profeta, inverte meus valores e exalta a existência.
Huxley não para quieto, é o tipo de cara que gosta de experimentar coisas novas. O Admirável Mundo Novo do meu quarto não o dá prazer. As portas estão fechadas.
Meu companheiro e meu xará. Pessoa é como eu: Fernando de alma e coração. Juntos escrevemos rimas para o infinito.
As coisas ficam confusas quando surge Baudelaire e o poema do haxixe. Seus Paraísos Artificiais são referências para tudo que se escreveu sobre drogas depois dele. Os Melhores Contos de Loucura, Machado, Allan Poe e João do Rio, o reverenciam. Estão juntos, quase inseparáveis.
O quarto fica pequeno.
Guevara está admirando seu quadro na parede. Fidel em a História me Absolverá, faz mais um de seus longos discursos. Fernando Morais escuta atento. Martí os abraça e sorri acreditando que tudo que fez não foi em vão. Gutiérrez não gosta do ambiente.
Toda noite é assim. Eles vão e vêm.
Nelson Rodriguez sabe como a vida é. Sartre esboça sua teoria das emoções. Foucault se auto vigia. Rubem Fonseca só faz de conta. João Ubaldo finge que é mulher. Kafka viaja que é um inseto. E Shakespeare traz seus sonhos de verão.
Quanta loucura!
Já no fim da noite aparece Rimbaud. Apocalíptico e Louco. É ele que traz as trevas e vela o meu sono.

Um comentário:

Ivan Neto disse...

muito muito bom ;)