terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Chega de saudade
e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
domingo, 14 de dezembro de 2008
Esses dias agoniantes de volta a casa, além de torrar dinheiro com pessoas que importam, me deixam nostálgica. Escutando samba, arrumando as malas.. mais uma vez ir e vir. Um milhao de quinquilharias p galera. Peça de carro no fundo da bolsa, bebidas espalhadas juntas as roupas, cremes, shampoos, e afins. Talvez o sentimento tenha mudado. Na verdade nem tenho ideia mais de onde é minha casa.
Enfim, lembrando da familia, dos amigos, do meu cachorro...ummmmm ... saudade gostosa.
Chega doer um poquinho na boca do estomago..pensar na carinha da abuela, aqueles olhinhos pretos, tao pequenininhos... ai ai ai....
Sem ar, continuo rascunhando, só p contar que esses 5 dias que faltam estão me matando.
Chega a ser engraçado, friozinho na barriga e muito, mais muito choros contidos..
Pensando nos sorrisos que serão vistos, nos abraços .... pensando, pensando,
que parada fodida não parar de pensar..
Com vontade de ser carioca mais uma vez e trocar esse maldito frio barcelones pelas cálidas praias de Niterói. Vontade de sentir calor até suar as pernas.. sentir aquele arzinho quente junto com o vento..e quase morrer por um ae condicionado..
Coisas sem sentido e sentimentos estranhos rodam por entre meus dias.
E só sei que sei ...
que esses dias intermináveis serão inexplicáveis....
rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Nos dias que a calmaria não bate
Busco entre lençóis e medicinas soluções controversas
Alma cansada de caminhar onde não deve
E mais fodida de saber que não merece
Frio que gela fulgaz sentimentos
congela dias inóspitos
e me faz cansar da vida
Pareço repetir palavras
de versos que já não saem
Remonto as peças tudo de novo
Muitas vezes elas não encaixam
Não me importo
A solidão gostosa me faz pensar
pensar, pensar e pensar
Solução distante
sempre ausente
mas nunca impossível....
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Eu preciso dizer que eu te amo
Me dá um medo, que medo
domingo, 2 de novembro de 2008
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
O DIA DEVIA TER 36 HORAS ...
Vento cortante sobre um nariz que deixou de existir, mas que insiste em incomodar.
Os dias nao sao tristes com o tempo que se torna pouco.
Pouco tempo para pensar..
Pouco tempo para escrever...
Pouco tempo para relaxar...
A vida prática consome minhas horas.
Horas de trabalho e de aulas infindas.
Parte de uma rotina onde gostaria de mais tempo para colocar tudo no lugar.
Coraçao solto,
Roupas espalhadas em malas desarrumadas,
papéis perdidos
e amigos sem noticias...
Cada minuto tentando ser forte
mas com vontade de desabar.
12 minutos para um livro instigante no metro
é o tempo que tenho por dia para um boa literatura.
Poetizando, filosofando..
5 minutos para um cigarro
e a noite uma horinha para um bom vinho RIOJA
e um papo furado.
Os dias nao sao tristes..
Um sorriso de meio segundo antes de dormir
e um beijo deixado de dar.
Se os dias tivessem umas horinhas a mais
eu poderia consertar tudo
e ainda ter tempo para ser um pouco
só um pouco mais sensível...
terça-feira, 14 de outubro de 2008
INICIO DO MESTRADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Numa felicidade incontestável
mas com medo.
Sinto o friozinho na barriga gelar meu corpo
e o peso da responsabilidade cair em meus ombros.
Vida nova, novo começo.
Tudo totalmente diferente do que se viveu
e do que foi deixado.
Dias em que a glória é tao grande que mal se pode respirar.
Nao importa.
Prendo o fôlego,
com maximo de ar que puder suportar
e abraço meu caminho.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
deixou de ser verdade.
E mais uma vez me sentindo tola
caio nas armadilhas que a vida apronta.
A saudade do corpo que nao respira
pois morto está debaixo da ausência.
Sem paz
Sem voz
Brindo a tal juventude que quase nao existe
e a frieza de um coraçao calejado.
Que cansa demais das mudanças ...
E por mais que nao queira mais amar
se entrega aos dias vindouros
com a cabeça de quem ainda chora
mas com a esperança de que ainda nao morrerá.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
POEMA
onde se jogam as fontes de luz,
terça-feira, 7 de outubro de 2008
infinitos de poesia percorrem por minhas veias
inebriando aquilo tudo que respira
respira e tem cor
e é volúvel como a água
escorrega entre meus dedos
e desliza por meu corpo gélido
fazendo de conta que deseja
que fantasia
a luz incrível desses dias
e o fim que nunca chega.
O Cenotáfio
"Irmão de mim mesmo,
espião sem honraria, mas afinal cedendo
a doce moeda do sangue,
ao falso sentinela do espelho.
Não estou todo aqui onde me falo.
Acho que deixei no Chile e em Roma,
em Stenvenson, em músicas e vozes,
num salgueiro de Bánfield, nos olhos
de uma cachorra que amei, em dois
ou três amigos mortos.
Isto que resta vive,
Mas sabe que a urna está vazia."
(Julio Cortázar)
domingo, 28 de setembro de 2008
Saudade que virou verbo
incontestável dessas frases
Saudade que foi e
voltou
Revirou dias inteiros
e madrugadas eternas
Saudade que fez morada
de invernos gelados
Inventou histórias tristes e
remoeu amores impossíveis
Saudade que não passou
que não passa
que abomina a solidão desse lugar insólito..
Luzes de saudade
de paixões ocultas
Saudade que corta saudade
Saudade que desmonta
Reconta e remonta
esse coração de poeta
que cansa de sentir
que insiste de não desistir
e que morre de tanta saudade ....
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Estranheza
Tao estranhos que cheguei a acreditar que nunca mais ia conseguir dormir.
domingo, 31 de agosto de 2008
mas que ela tem que ser alternada com a compreensão daqueles que a sentem.
Não posso dizer se fui feliz aquele tempo que fui tua
aqueles dia que dediquei minha alma a andar com a sua
Tudo foi dor.
é a lembrança que carrego comigo..
e por mais trsite que isso possa ser
pior é perceber
que nada mudou e que nunca vai mudar...
Entrei numa deprê esses dias. Conta de uma tpm maldita e de uma dor no estomago que me apavora. O medo andou pelas cobertas e deixou umas marcas para escrever uma história. História essa que engasga e sufoca na garganta e talvez nunca possa ser contada. Mais uma vez não sei o que fazer. Ando pela casa como louca tentando encontrar uma solução que não seja tão dolorosa. Mas tudo dói hoje. Dói acima de tudo não saber...
Canso da vida muitas vezes, das pessoas , do mundo em geral. E deixo que a tristeza entre pela porta e tome conta de mim por uns dias. Tenho vontade de escrever, gritar, sair por aí, sumir no meio dessas ruas. Esquecer um pouco quem sou, de onde vim, do que eu faço. E as palavras me saem super mal quando estou assim. Então, simplesmente vou rascunhando para ver se a tensão do peito alivia a cada linha. Não alivia.
Pego um copo de vinho mesmo sabendo que isso pode acabar de fuder minha vida e vou tomando aos goles secos. Amargando esses minutos eternos de solidão. Telefone não toca, casa vazia, coraçao confuso. Uma ducha quente e muitas lágrimas na banheira. Nada adianta.
De verdade, me canso da vida. Deito em meus travesseiros , me escondo e finjo por uma noite que nåo faço parte de nada. Que simplesmente não existo....
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Candela
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Entrevista
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisa se esperava que eu dissesse maldição,só porque antes lhe confiara:o destino do homem é a santidade.A mulher que me perguntou cheia de ódio:você raspa lá? Perguntou sorrindo,achando que assim melhor me assassinava.Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,peludo ou não.Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,não porque uso luva ou navalha.Que pode contra ele o excremento?Mesmo a rosa, que pode a seu favor?Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,como a morte duro, como o inferno tenaz",descansa em teu amor, que bem estás."
(Adélia Prado)
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Pensamentos indecentes
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Bobagens
Cheguei a entregar-me a um assobio, desses que os homens olham na contramao. Ri do que era improvável e gostei demais de todos aqueles sorrisos. Nao poderia elegir nenhum. Provocadores, instigantes. Homens. De todos lados sao assim. Bobos atrás de um bikini que valha 0 desapego da liberdade e da solidao.
Quanto sono perdi por olhos que mal me seguiam ou por aqueles que apenas acreditavam na minha santidade. Santidade essa que nem Oxum um dia chegou a brigar. Sabia-se que nao valeria a pena. Desconcertante doses a mais de um fígado quase falecido.Que grita de dor as vezes, mas nao cansa de acelerar a felicidade. E se fosse só ele sozinho.... o nariz que nao funciona mais pelas manhas, mas que insiste em sentir todos os odores da noite, dos perfumes que nunca tocou. Safado.
E a vida que segue em meio a correria dos dias de trabalho e da língua mordida
que se esforça para nao embolar com outras a cada centimetro que caminha....
domingo, 17 de agosto de 2008
SE FELIZ
Si la soledad te enferma el alma
si el invierno llega a tu ventana
no te abandones a la calma con la herida abierta
mejor olvidas y comienzas una vida nueva
y respira el aire puro
sin el vicio de la duda
si un día encuentras la alegria de la vida
se feliz, se feliz, se feliz, se feliz
con los colores de una mariposa
vuela entre las luces de la primavera
si te imaginas que la lluvia te desnuda
juega en los mares que despiertan a la luna
y se feliz, se feliz, se feliz, se feliz
si la soledad te enferma el alma
HABANA BLUES
por la cerveza por el humo
Viento que trae sonrisas dulces de verano
Ojos que no se separan
que respiran el aire de pasiones sutiles
Dias de libertad
de imensas luzes
y colores
Enfermedad del alma
contradiciones del corazon
Palabras que no quitan la ansiedad
distancias tristes....
Las equivocadas calles desa ciudad
llenando mi pecho
robando mi deseos
y matando la seguridad de la vida
aquella que todos buscan
pero que en aqui deja todo segundo de existir .....
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Suenos
que cansa de enganarse
que muere todos los dias
Suenos que sopran al viento errante
incomparables diamantes
vagando por la vida
Suenos que no siguen
porque el camino nunca los deja callados
Suenos mareados
de tanto humo: fantasia
Suenos de alegria
que mientras la imaginacion los herian
son fina pura y clara
verdad que dispara
en la paz: poesia.
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."
Willian Shakespeare
segunda-feira, 28 de julho de 2008
BASTA
mi corazón se ha vuelto bello como el sol
tu nombre sube todas las mañanas
BARCELONA
terça-feira, 22 de julho de 2008
quinta-feira, 12 de junho de 2008
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Não
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Paris
Podem falar o que quiserem. Profanar palavras maldosas contra os franceses, passar horas dizendo que gostam mesmo de botequim ou horas tentando convencer a galera que não teria vontade de ir a Paris. Frases do tipo: "Ah, não deve ter nada demais" "Uma cidade como outra qualquer na Europa" "O lugar é muito caro!"... estão tão "demodé" que não se deve acreditar.
Não importa. Paris é um escândalo! E quem não se sentir um pouquinho chique andando por aquelas ruas e parques deve ter algum problema.
Barcos as voltas no Rio Siena, museus em antigas estações de trem, pontes de ouro, fazem parte da história de um povo que já mudou o mundo. Revolução Francesa, guilhotinas, milhares de cabeças rolando no chão. A beleza da cidade se mistura com o passado. A Torre Eiffel como seu símbolo. Paris de sonho. Ampla, gigantesca , colossal. Jardins que tomam partes infindáveis de terra. Notre Dame.
Baudelaire tinha razão. Seria delicioso ser um flâneur num lugar desse. O romantismo está em toda esquina ou nos quateirões que o Louvre abriga milhares de obras de arte. Pirâmides invertidas, palácios, Monalisa.
Como resistir a um bom champagne?
Paris realmente supera qualquer expectativa.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Eu sei , eu sei. Ando sumida esses dias. Mas como alguns devem saber, até porque meu querido amigo Cabeça fez questão de postar a minha velhice para nosso pequeno público, semana passada foi meu aniversário. Pois é. 1/4 de século. Como de costume, a zona se instaurou na minha casa e ficou até hoje, quando resolvi colocar tudo novamente e "chatamente" nos eixos.
Não sou e nunca serei uma dona de casa exemplar, porém morar sozinho exige algumas habilidades. Essas tais que mesmo com 25 aninhos na cara ainda não adquiri. Lava louça, lava roupa, limpa banheiro, passa pano no chão. Oh coisa difícil! Esqueceram de me ensinar como faz para ligar os aparelhos e não deixar marcas molhadas de pés no chão. Enfim, casa arumada, tudo mais ou menos no seu lugar, volta aos textos e algumas dores nas costas. Não sei se a idade vem pesando de repente no meu corpo ou se a ressaca anda pior porque a dose também anda aumentando. Tive algumas ilustres visitas e Deus que resolveu ser bomzinho doou um pouco de sol para que eu pudesse apagar as velinhas. IHH esqueceram das velinhas também! Cachaça foi o nome da festa, Run para ser mais específica. E um gigante almoço a braileira, feijão, arroz e churrasco. Tudo do jeitinho carioca e uma prainha fajuta, com o mar congelando os ossos.
Ressaca , ressaca e ressaca.
Fim do inferno astral e expectativa de dias melhores nos próximos meses.
No final das contas, o saldo foi positivo. Tirando a bagunça que meu pequeno apê ficou e a saudade incontrolável das pessoas queridas que não estavam presentes.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Ele era o meio da confusão. Um ponto de convergência entre todas as histórias. Diferente e parecido ao mesmo tempo. Enlouquecia algumas das minhas noites e horas de sono. Era o meu mundo e o meu nada. Tinha dias que tentava chamar atenção. Falava o que não devia, consumia o que queria e nem se dava conta do que sobrava no final: restos de corações espalhados.
Era como se qualuqer influência fizesse sua cabeça e num simples piscar de olhos ele se perdesse na multidão.
Assim ele andou.
E assim ando eu, numa incrivel tormenta, ao lado dele.
Ele fez juras de amor, mas esqueceu as horas extras ....
terça-feira, 22 de abril de 2008
A garrafa de champagne devorada em curtas horas, o chapéu preferido na cabeça e a eterna andança de minhas pernas.
Devo dizer que de todo amor que tive e de tudo que posso suportar
que a saudade é o sentimento mais cortante de tudo que existe.
É a alma sem espírito.
A poesia sem fala.
terça-feira, 15 de abril de 2008
A poesia anda perdida esses dias.
Me espreita pelas portas entre abertas e foge.
Não consigo alcançá-las com palavras suspeitas e nem trocá-las para formar frases quase que perfeitas. Fico vagando para ver se a encontro escondida embaixo da cama. Sozinha. Desenhando em papéis rabiscados rimas e sonetos. Não acostumo de a perder tão de repente.
Ponho os meus pés no chão várias vezes durante vários dias. Esses são aqueles que me sinto mais fantástica. Mas as palavras me escapam como foguetes e se camulflam nas nuvens.
Não importa o quanto os dias serão longos e tristes.
Enquanto a poeisa está perdida, nada mais terei para dizer-te.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Jorge Luis Borges II
Borges e eu
Ao outro, a Borges, é que acontecem as coisas. Eu caminho por Buenos Aires e demoro-me, talvez já mecanicamente, na contemplação do arco de um saguão e da cancela; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo o seu nome num trio de professores ou num dicionário biográfico. Agradam-me os relógios de areia, os mapas, a tipografia do século XVIII, as etimologias, o sabor do café e a prosa de Stevenson; o outro comunga dessas preferências, mas de um modo vaidoso que as converte em atributos de um actor. Seria exagerado afirmar que a nossa relação é hostil; eu vivo, eu deixo-me viver, para que Borges possa urdir a sua literatura, e essa literatura justifica-me. Não me custa confessar que conseguiu certas páginas válidas, mas essas páginas não me podem salvar, talvez porque o bom já não seja de alguém, nem sequer do outro, mas da linguagem ou da tradição. Quanto ao mais, estou destinado a perder-me definitivamente, e só algum instante de mim poderá sobreviver no outro. Pouco a pouco vou-lhe cedendo tudo, ainda que me conste o seu perverso hábito de falsificar e magnificar. Espinosa entendeu que todas as coisas querem perseverar no seu ser; a pedra eternamente quer ser pedra, e o tigre um tigre. Eu hei-de ficar em Borges, não em mim (se é que sou alguém), mas reconheço-me menos nos seus livros do que em muitos outros ou no laborioso toque de uma viola. Há anos tratei de me livrar dele e passei das mitologias do arrabalde aos jogos com o tempo e com o infinito, mas esses jogos agora são de Borges e terei de imaginar outras coisas. Assim, a minha vida é uma fuga e tudo perco, tudo é do esquecimento ou do outro.
Não sei qual dos dois escreve esta página.
(Jorge Luis Borges)
domingo, 13 de abril de 2008
Pensamentos III
Nomes e codinomes me atormentam. São como dias de luz e dias de noite. Controversos e determinados. Gosto de Pessoa, como gosto da minha mãe. A nata da poesia das poesias. Mas queria mesmo entender porque tantas caras diferentes? Eram tantos seres dentro de um só que não cabiam no simples Fernando. Isso me confunde.
A eterna inconstância dos pensamentos.
Se pudesse amaldiçoaria o clima dessa terra. O velho mundo está tão ultrapassado que São Pedro resolveu se mudar para os trópicos. Praia, cerveja gelada e alergia casual. Bactérias não suportam tanto calor. Frio é bom quando é ar condicionado. Dormir no fresquinho escutando aquele barulho hipnótico.... ummmmm......
O sol realmente muda o humor das pessoas.
Sete dias de cama e começo a remoer.
- Quase não vejo meus pés. Por onde andam minhas havaianas?
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Chico Buarque
Já que a saudade do samba só aumenta. Uma letrinha de um que eu adoro para descontrair.
Oh coroa bonito!!!!
hehehe
"Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar
No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã"
(Chico Buarque)
Hilda Hilst
"Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?"
(Da Noite - 1992)
Sigmund Freud
terça-feira, 1 de abril de 2008
Pensamentos II
Preciso da certeza que o amanhã será melhor, sem o falso otimismo bobo e sem conclusões precipitadas. Faltam pessoas que tenham fé e governantes que tenham sensatez. Sei que nem sempre a fé move montanhas, mas desviar delas já seria suficiente para mudar alguma coisa.
Falar de utopia, é falar de nossos sonhos. Aqueles bem escondidos ou aqueles que buscamos encontrar todos os dias. Aqueles que se camuflam em nossa personalidade e aqueles que transparecem em nossos rostos.
A vida surge para aqueles que acreditam em mudanças, que acreditam que dar o melhor de si as vezes não basta, que temos mesmo que suar a camisa para ser todo dia diferentes. Porque a paz não está na estabilidade e sim nas certezas. E essas, meus caros amigos, são raras demais no mundo que vivemos ....
Galeano
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
[ Eduardo Galeano ]
domingo, 30 de março de 2008
Woody Allen
quinta-feira, 27 de março de 2008
Menina
Deslizando sobre a sua pele morena sem rumo
estaria o meu corpo morto
insaciável ,
loco
a procura de uma dose a mais?
Seriam apenas entre minhas pernas
onde estariam a tua paz
E entre versos sacanas
de rimas banais
poderia dizer-te qualquer coisa que valha
Te falaria sobre literatura
Neruda, Galeano, Sartre
teorias nunca iguais
estaria você a par da tremenda fissura
da cura que só o seu cheiro traz?
Sois poesia para minha alma que dança
sou aquela menina de tranças
que cansa de querer-te todo dia demais.
terça-feira, 25 de março de 2008
Relatos - Londres Londres
Pois bem, minha Páscoa foi diferente de qualquer Pascoa possível. Não existiu chocolate e muito menos ovinhos espalhados pela casa. Acredito que Londres não tenha aderido a esses movimentos católicos. Tirando o frio e a neve que Deus (que insiste em existir) enviou só para sacanear a viagem, foi divertido. Os amigos locais pareciam mais desinformados que o povo que acabara de chegar. Turista é uma merda, nunca sabe para onde ir.
Só gostaria de lembrar quem teve a terríivel idéia de pegar o bus tour e pegar um vento encima dele olhando os pontos turísticos. Bom, faces congeladas , mãos congeladas e o resto do corpo por onde entrasse um arzinho. Não duramos nem um hora. Votei pelo pub, que por sinal era a sugestão inicial dos meninos que não gostavam de museus, mas conheciam de cor todos os bares da região. Ai, Londres. Que comida desgradável. Descobri que feriado de Páscoa são os melhores dias para se ir num museu. Aliás, melhor dia para todas as pessoas da cidade. Éramos eu e Dona Raissa brigando com criancinhas por um lugar para ver as formigas. Que vexame.
Para completar porque já não estava quase nada frio, fomos a um ICE BAR. Pagamos para entrar numa sala congelada, para beber em copos feitos de gelo. Não posso dizer que não foi divertido, mas a grande idéia já congelava meus dedos do pés. A farra foi boa, a noite melhor ainda. Tirando é claro, as leis anti tabaco que existem em todo Europa. Fumasse menos com uma carteira por 5 libras e com o frio das partes externas. Ainda mais se vc esquece todos os casacos no roupeiro.
Londres, Londres.
Engraçado foram os dias e as horas dentro de um pequeno apartamento com cuecas pelo chão. E apesar de toda reclamação, porque chata eu sei que sou, a solidão não esteve presente. As companhias fizeram a diferença. Foi incomparável!
terça-feira, 18 de março de 2008
+ Neruda
Neruda é como uma canção. As vezes táo doce, que calienta la alma.
Las vidas
"Ay qué incómoda a veces
te siento
conmigo, vencedor entre los hombres!
Porque no sabes
que conmigo vencieron
miles de rostros que no puedes ver,
miles de pies y pechos que marcharon conmigo,
que no soy,
que no existo,
que sólo soy la frente de los que van conmigo,
que soy más fuerte
porque llevo en mí
no mi pequeña vida
sino todas las vidas,
y ando seguro hacia delante
porque tengo mil ojos,
golpeo con peso de piedra
porque tengo mil manos
y mi voz se oye en las orillas
de todas las tierras
porque es la voz de todos
los que no hablaron,
de los que no cantaron
y cantan hoy con esta boca
que a ti te besa."
segunda-feira, 17 de março de 2008
que a falta não está só pelas coisas que passam em nossa cabeça
que aqueles pequenos detalhes sem importância importam realmente
e nada faz tanto sentido como fazia só te escutar aquelas vozes
quando a gente se dá conta que a saudade vêm daqueles momentos que nunca serão iguais
que aquelas caras de emburrados era as que você mais gostava
e sente falta até das reclamações , das brigas
e das um milhão de palhaçadas que só o cotidiano traz.
quando a gente se dá conta que a música não conforta
e sente falta até dos degraus da escada
FUDEU!
Ordinariamente a vida passa rápido
e a saudade sufoca a maior parte dela
a ausência espeta o coração com uma navalha pontiaguda.
sem perguntas
nem poréns.
alguéns aléns e aquéns.
sem mesmice, brigas
chatices, babaquices e caretices.
sem esforço para ser quem não és.
a facilidade dos dias de nossas vidas
as voltas dos nossos corpos
transcendendo o inverno morto
e o tédio dessas horas infinitas.
Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-
corrida-
de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.
-
BUKOWSKI
um poema para o engraxate
o equilíbrio é preservado pelas lesmas que escalam os
rochedos de Santa Monica;
a sorte está em descer a Western Avenue
enquanto as garotas numa casa de
massagem gritam para você "Alô, Doçura!"
o milagre é ter 5 mulheres apaixonadas
por você aos 55 anos,
e o melhor de tudo isso é que você só é capaz
de amar uma delas.
a benção é ter uma filha mais delicada
do que você, cuja a risada e mais leve
que a sua.
a paz vem de dirigir um
Fusca 67 azul pelas ruas como um
adoslescente, o rádio sintonizado em O Seu Apresentador
Preferido, sentindo o sol, sentindo o sólido roncar
do motor retificado
enquanto vocêr costura o tráfego.
a graça está na capacidade de gostar de rock,
música clássica, jazz..
tudo que contenha a energia original do
gozo.
e a probabilidade que retorna
é a tristeza profunda
debaixo de você estendida sobre você
entre as paredes de guilhotina
furioso com o som do telefone
ou com os passos de alguém que passa;
mas a outra probabilidade-
a cadência animada que sempre segue-
faz com que a garota do caixa do
supermercado se pareça com a
Marilyn
com a Jackie antes que levassem seu amante de Harvard
com a garota do ensino médio que sempre
seguíamos até em casa.
lá está a criatura que nos ajuda a acreditar
em alguma coisa além da morte:
alguém num carro que se aproxima
numa rua estreita,
e ele ou ela se afasta para que possamos
passar, ou se trate do velho lutador Beau Jack
engraxando sapatos
após ter queimado todo seu dinheiro
em festas
mulheres
parasitas
bufando, respirando junto ao couro,
dando um trato com a flanela
os olhos erguidos para dizer:
"mas que diabos, por um momento
tive tudo. isso compensa todo o
resto."
ás vezes sou amargo
mas no geral o sabor tem sido
doce. é apenas que tenho
medo de dizê-lo. é como
quando sua nulher diz,
"fala que me ama", e
você não consegue.
se você me vir sorridente
em meu Fusca azul
apoveitando o sinal amarelo
dirigindo firme em direção ao sol
estarei mergulhado nos
braços de uma
vida insana
pensando em trapezistas de circo
em anões com enormes charutos
num inverno na Rússia no início dos anos 40
em Chopin com seu saco de terra polaca
numa velha garçonete que me traz uma xícara
extra de café com um sorriso
nos lábios.
o melhor de você
me agrada mais do que pode imaginar
os outros não importam
excetuado o fato de que eles têm dedos e cabeças
e alguns deles olhos
e a maioria deles pernas
e todos eles
sonhos e pesadelos
e uma estrada a seguir.
a justiça está em toda parte e não descansa
e as metralhadoras e os coldres e
as cercas vão lhe dar prova
disso.
(Charles Bukowski)
quinta-feira, 13 de março de 2008
Alusão a uma publicidade portuguesa
"De repente me pego
repentista de seus versos...
sei que estas em meus
delírios...
sinto a textura de seu rosto
sua barba de fazer,
em meus sonhos...
E no alvorecer
sei que em algum
lugar estas...
e sei que estou...
em seu pensamento
nessa refutação desvairada
de mensagens deliciosas;
como ondas que
vem e vão...
dessa nossa imaginação...
meu rebatedor de emoções...
nem sei se me inspira versos ou
ainda mais amor...
As vezes fico como a lua...
que não vira a face...
pois é sempre a mesma...
mas muda de fases...
e as vezes fico oculta...
meu amor..."
(Autor Desconhecido)terça-feira, 11 de março de 2008
Nessa terra de Pessoa
e Saramago
Onde o frio socode meus cabelos
Traço essas linhas de poeta
Entre prédios velhos
e ruas infindas
Meu corpo congela ausência
Sento-me a olhar
o triste passar das horas e dos dias
Saudade dos sorrisos de graça
Dos papos sem sentido
Da alegria sem motivo
Saudades do meu lugar
Poeta por ser poeta
Porque nada além disso serei no além mar
O saudosismo me toma de forma estranha
e me faz pensar nos abraços que deixei de dar
nas cachaças que deixei de tomar
nas praias que deixei de mergulhar
nas declarações que deixei de trocar
nas paisagens que deixei de olhar ..............
quarta-feira, 5 de março de 2008
confortam meu corpo entre os cobertores
Sei que volta para me acordar
e me beijar como se fosse ainda a primeira noite
Estranho sempre parecer a primeira vez
Damos aos mãos
nos beijamos infinitamente
e tiramos as roupas
Não há paz no meu ser
esses dias que não te tenho
Seus passos no corredor
confortam minha alma torta
Acordar e ouvir seus susurros
chamar o seu nome
te amar pela manhã e dormir mais um pouco
Pequenas coisas que fazem diferença.
A sutileza ainda nao está perdida
Alguns a olham de longe
outros nascem com ela.
uma gota
uma brecha
pude ver o seu sorriso entre os lençóis
enlouquecedor rodando entre minhas pernas
meus olhos que mal se abriam
o seu cheiro nos travesseiros
não deixam sossegada minha pobre alma
Ouço susurrar no meu ouvido
palavras tão doces que as vezes duvido
se mereço tais apreciações
Viro minha boca de encontro a sua
e por um momento nada mais importa
Encurralado
"não dispa o meu amor
você pode encontrar um manequim;
não dispa um manequim
você pode encontrar
o meu amor.
Ela há muito tempo
me esqueceu
ela experimenta um novo
chapéu
e parece mais coquete
do que nunca.
ela é uma criança
e um manequim
e
é a morte.
não tenho como odiar
isso.
ela não faz
nada fora do
comum.
queria apenas que ela
fizesse"
Bukowski
Quase sem querer
O frio fez com que nossas mãos se encontrassem. Era um devaneio pensar naquela boca pelo meu corpo. Questões vieram a me revirar. Que homem era esse que falava calmamente? Que me desejava e me despia só com o olhar? Que me fazia sentir uma menina? Indefesa ao acaso dos dias? Me olhava pela manhã com os cabelos embolados, beijava minha boca, e dizia frases de amor. E de tanto suar, brigar, praguejar, serei dele quantas estações ele quiser.
Deus... ????
Onde estava esse homem todo esse tempo?
terça-feira, 4 de março de 2008
Neruda
Sem amigos, sem televisão, sem internet
sem o minímo de dignidade restante
Fui e sou errante
nesses dias que me cortam
a solidão que afronta a cada minuto
não me deixa só com meus livros
Bukowski como grande companheiro
nessas linhas tortas do homem controverso
É.... aqui estou eu
mais uma vez de frente para essas linhas
dizer de todo amor que tive e pude suportar
essas linhas mal escritas
da saudade que nao posso conter
da minha terra
da familia
dos amigos
daqueles que tornaram minha vida possível
dos que fizeram tudo valer a pena
e não a nada mais que que eu possa dizer
porque eles sabem
mais do que ninguém
a dor que me afligiu
e de toda paixão que tenho por eles
E eu saberei SEMPRE
por toda eternidade.....
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Medos - Parte I
Mãos tremendo, pés que não param de balançar, olhos rodando o ambiente. Lá estava eu, numa tarde ensolarada esperando para ser atendida num daqueles consultórios "chiquerézimos " da Zona Sul. Era como um trem fantasma, quando as luzes piscam e avisam que é hora do susto. A coroa e as meninas que andam pelo lugar, arrumando e ajeitando aquela tal cadeira, sorriem. Não consigo me concentrar e ler o bom livro que tenho na bolsa. Folheio revistas diferentes, vejo a cara do Wagner Moura numa delas, faço de conta que a matéria me interessa. Putz, lá vem ele! Sempre super simpático, meu dentista é um cara moderno. Olha meu dentes e fala no telefone com alguém sobre seu barco que está com problemas. O fone que ele está usando me faz uma alusão louca a Madonna no palco ou a Sandy e Junior cantando. Não consigo relaxar as pernas, elas cruzam e descruzam sem eu perceber. Ouço o maldito som da maquininha. Meus pêlos se arrepiam quase que instantâneamente. Sorte não ter tempo , mais sorte ainda não ter cáries. Me safei dessa e uma simples limpeza foi o que ele disse que faria. Lá vem aquela máquina de novo, tremendo e fazendo barulho. Ridículo eu me babando toda e soltando cuspes por todo lugar. Ufa, acabou! Corri para porta e o sempre falante dentista pediu para que eu ficasse um pouco mais. Conversar? Com dentista? Só se tiver sem dente precisando de ajuda. Saí dali o mais rápido que pude com uma escova que ganhei do danado. Não exitei e mesmo com a boca super ultra mega limpa, fumei aquele cigarro. Observei as lojas em volta e aproveitei para comprar umas meias. Me deparei com uma grande loja de tatuagem. Essa é das minhas. Entrei, comprei um brincos e bolinhas. Me bateu uma vontade louca de ter uma nova tatoo, não resisti. Olhei para body piercing e disse que queria fazer mais um. Ela esterelizou o equipamento e me disse que ia passar uma anestésico. Pensei no dentista e sorri. Que coisa doida!
- Ei, pode fazer sem anéstesico mesmo!