domingo, 30 de março de 2008

Woody Allen


"Se Deus existe, por que Ele não me dá um sinal de Sua existência?
Como por exemplo, abrir uma bela conta em meu nome num banco suíço?"


(Woody Allen)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Menina

Posso ouvir as gotas da água caindo sobre seus ombros
Deslizando sobre a sua pele morena sem rumo
estaria o meu corpo morto
insaciável ,
loco
a procura de uma dose a mais?

Seriam apenas entre minhas pernas
onde estariam a tua paz
E entre versos sacanas
de rimas banais
poderia dizer-te qualquer coisa que valha

Te falaria sobre literatura
Neruda, Galeano, Sartre
teorias nunca iguais
estaria você a par da tremenda fissura
da cura que só o seu cheiro traz?

Sois poesia para minha alma que dança
sou aquela menina de tranças
que cansa de querer-te todo dia demais.

terça-feira, 25 de março de 2008

Relatos - Londres Londres

Queria mesmo é ter grana suficiente para viver viajando. Acho que morreria feliz em passar os meus dias por aí perambulando pelas cidades e escrevendo coisas sem sentido. Poderia viver em trens pela Europa, em mares na África e em qualquer avião que me levasse a conhecer lugares que nunca estive. Viajar é libertar a alma. Reconhecer outras culturas. E beber muita cerveja.
Pois bem, minha Páscoa foi diferente de qualquer Pascoa possível. Não existiu chocolate e muito menos ovinhos espalhados pela casa. Acredito que Londres não tenha aderido a esses movimentos católicos. Tirando o frio e a neve que Deus (que insiste em existir) enviou só para sacanear a viagem, foi divertido. Os amigos locais pareciam mais desinformados que o povo que acabara de chegar. Turista é uma merda, nunca sabe para onde ir.
Só gostaria de lembrar quem teve a terríivel idéia de pegar o bus tour e pegar um vento encima dele olhando os pontos turísticos. Bom, faces congeladas , mãos congeladas e o resto do corpo por onde entrasse um arzinho. Não duramos nem um hora. Votei pelo pub, que por sinal era a sugestão inicial dos meninos que não gostavam de museus, mas conheciam de cor todos os bares da região. Ai, Londres. Que comida desgradável. Descobri que feriado de Páscoa são os melhores dias para se ir num museu. Aliás, melhor dia para todas as pessoas da cidade. Éramos eu e Dona Raissa brigando com criancinhas por um lugar para ver as formigas. Que vexame.
Para completar porque já não estava quase nada frio, fomos a um ICE BAR. Pagamos para entrar numa sala congelada, para beber em copos feitos de gelo. Não posso dizer que não foi divertido, mas a grande idéia já congelava meus dedos do pés. A farra foi boa, a noite melhor ainda. Tirando é claro, as leis anti tabaco que existem em todo Europa. Fumasse menos com uma carteira por 5 libras e com o frio das partes externas. Ainda mais se vc esquece todos os casacos no roupeiro.
Londres, Londres.
Engraçado foram os dias e as horas dentro de um pequeno apartamento com cuecas pelo chão. E apesar de toda reclamação, porque chata eu sei que sou, a solidão não esteve presente. As companhias fizeram a diferença. Foi incomparável!

terça-feira, 18 de março de 2008

+ Neruda


Neruda é como uma canção. As vezes táo doce, que calienta la alma.

Las vidas

"Ay qué incómoda a veces
te siento
conmigo, vencedor entre los hombres!
Porque no sabes
que conmigo vencieron
miles de rostros que no puedes ver,
miles de pies y pechos que marcharon conmigo,
que no soy,
que no existo,
que sólo soy la frente de los que van conmigo,
que soy más fuerte
porque llevo en mí
no mi pequeña vida
sino todas las vidas,
y ando seguro hacia delante
porque tengo mil ojos,
golpeo con peso de piedra
porque tengo mil manos
y mi voz se oye en las orillas
de todas las tierras
porque es la voz de todos
los que no hablaron,
de los que no cantaron
y cantan hoy con esta boca
que a ti te besa."

(Pablo Neruda)

segunda-feira, 17 de março de 2008

quando a gente se dá conta que a saudade é muito maior do que esperávamos
que a falta não está só pelas coisas que passam em nossa cabeça
que aqueles pequenos detalhes sem importância importam realmente
e nada faz tanto sentido como fazia só te escutar aquelas vozes
quando a gente se dá conta que a saudade vêm daqueles momentos que nunca serão iguais
que aquelas caras de emburrados era as que você mais gostava
e sente falta até das reclamações , das brigas
e das um milhão de palhaçadas que só o cotidiano traz.
quando a gente se dá conta que a música não conforta
e sente falta até dos degraus da escada
FUDEU!

Ordinariamente a vida passa rápido
e a saudade sufoca a maior parte dela
a ausência espeta o coração com uma navalha pontiaguda.

sem perguntas

sem mais , nem porques,
nem poréns.
alguéns aléns e aquéns.
sem mesmice, brigas
chatices, babaquices e caretices.
sem esforço para ser quem não és.

a facilidade dos dias de nossas vidas

as voltas dos nossos corpos
transcendendo o inverno morto
e o tédio dessas horas infinitas.
Da chegada do amor

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-
corrida-
de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.

-

BUKOWSKI


um poema para o engraxate

o equilíbrio é preservado pelas lesmas que escalam os
rochedos de Santa Monica;
a sorte está em descer a Western Avenue
enquanto as garotas numa casa de
massagem gritam para você "Alô, Doçura!"
o milagre é ter 5 mulheres apaixonadas
por você aos 55 anos,
e o melhor de tudo isso é que você só é capaz
de amar uma delas.
a benção é ter uma filha mais delicada
do que você, cuja a risada e mais leve
que a sua.
a paz vem de dirigir um
Fusca 67 azul pelas ruas como um
adoslescente, o rádio sintonizado em O Seu Apresentador
Preferido, sentindo o sol, sentindo o sólido roncar
do motor retificado
enquanto vocêr costura o tráfego.
a graça está na capacidade de gostar de rock,
música clássica, jazz..
tudo que contenha a energia original do
gozo.

e a probabilidade que retorna
é a tristeza profunda
debaixo de você estendida sobre você
entre as paredes de guilhotina
furioso com o som do telefone
ou com os passos de alguém que passa;
mas a outra probabilidade-
a cadência animada que sempre segue-
faz com que a garota do caixa do
supermercado se pareça com a
Marilyn
com a Jackie antes que levassem seu amante de Harvard
com a garota do ensino médio que sempre
seguíamos até em casa.

lá está a criatura que nos ajuda a acreditar
em alguma coisa além da morte:
alguém num carro que se aproxima
numa rua estreita,
e ele ou ela se afasta para que possamos
passar, ou se trate do velho lutador Beau Jack
engraxando sapatos
após ter queimado todo seu dinheiro
em festas
mulheres
parasitas
bufando, respirando junto ao couro,
dando um trato com a flanela
os olhos erguidos para dizer:
"mas que diabos, por um momento
tive tudo. isso compensa todo o
resto."

ás vezes sou amargo
mas no geral o sabor tem sido
doce. é apenas que tenho
medo de dizê-lo. é como
quando sua nulher diz,
"fala que me ama", e
você não consegue.
se você me vir sorridente
em meu Fusca azul
apoveitando o sinal amarelo
dirigindo firme em direção ao sol
estarei mergulhado nos
braços de uma
vida insana
pensando em trapezistas de circo
em anões com enormes charutos
num inverno na Rússia no início dos anos 40
em Chopin com seu saco de terra polaca
numa velha garçonete que me traz uma xícara
extra de café com um sorriso
nos lábios.

o melhor de você
me agrada mais do que pode imaginar
os outros não importam
excetuado o fato de que eles têm dedos e cabeças
e alguns deles olhos
e a maioria deles pernas
e todos eles
sonhos e pesadelos
e uma estrada a seguir.

a justiça está em toda parte e não descansa
e as metralhadoras e os coldres e
as cercas vão lhe dar prova
disso.

(Charles Bukowski)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Alusão a uma publicidade portuguesa

Gosto de mato. Gosto de ciclete ping pong. Gosto de andar descalça. Gosto de meias brancas. Gosto dos botecos. Gosto das tardes frias. Gosto do Maracanã. Gosto do cigarro pela manhã. Gosto de usar all-star. Gosto de chocolate preto. Gosto de whisky com gelo. Gosto de desperdiçar tempo com amigos. Gosto de samba. Gosto de sexo oral. Gosto de livros e poesia. Gosto de jeans. Gosto de sentir o nariz gelado. Gosto do cheiro da chuva. Gosto de lingerie. Gosto de fotografias de papel. Gosto de diários. Gosto de edredon. Gosto de comprar o que não preciso. Gosto de chá gelado. Gosto de viajar sozinha. Gosto de dançar. Gosto que me ponham apelidos. Gosto de roupas sexys. Gosto de beijos molhados. Gosto de toalhas grandes. Gosto de pantufas. Gosto de incensos. Gosto de enciclopédias. Gosto de crianças. Gosto de filmes noir. Gosto de escrever. Gosto de flores. Gosto de surf. Gosto de frutos do mar. Gosto de bijuterias. Gosto do cheiro de charuto. Gosto de festas. Gosto de homens cheirosos. Gosto de praia. Gosto de porta retratos. Gosto de arte. Gosto de escuro. Gosto de música ao vivo. Gosto de dormir no sofá. Gosto de pés enrocasdos. Gosto de ficar bêbada. Gosto dos cabelos despenteados. Gosto de banho quente. Gosto de unhas sem esmalte. Gosto das minhas pernas. Gosto de canetas. Gosto de família. Gosto de cachorro. Gosto de pimenta. Gosto de ficar na horizontal. Gosto de isqueiro de 1 real. Gosto de comida fresca. Gosto do mendigo da esquina. Gosto de terapia. Gosto de andar nua em casa. Gosto de conversar com o espelho. Gosto de contar minhas histórias. Gosto de conhecer pessoas. Gosto de rir do que não devo. Gosto de café na cama. Gosto de surpresas. Gosto de ter quatro travesseiros. Gosto de coca-cola. Gosto de bagunça. Gosto de perfumes. Gosto de melencia. Gosto de não ter obrigações. Gosto da vida.

"De repente me pego
repentista de seus versos...
sei que estas em meus
delírios...
sinto a textura de seu rosto
sua barba de fazer,
em meus sonhos...
E no alvorecer
sei que em algum
lugar estas...
e sei que estou...
em seu pensamento
nessa refutação desvairada
de mensagens deliciosas;
como ondas que
vem e vão...
dessa nossa imaginação...
meu rebatedor de emoções...
nem sei se me inspira versos ou
ainda mais amor...
As vezes fico como a lua...
que não vira a face...
pois é sempre a mesma...
mas muda de fases...
e as vezes fico oculta...
meu amor..."

(Autor Desconhecido)

terça-feira, 11 de março de 2008


Nessa terra de Pessoa
e Saramago
Onde o frio socode meus cabelos
Traço essas linhas de poeta
Entre prédios velhos
e ruas infindas
Meu corpo congela ausência
Sento-me a olhar
o triste passar das horas e dos dias
Saudade dos sorrisos de graça
Dos papos sem sentido
Da alegria sem motivo
Saudades do meu lugar
Poeta por ser poeta
Porque nada além disso serei no além mar
O saudosismo me toma de forma estranha
e me faz pensar nos abraços que deixei de dar
nas cachaças que deixei de tomar
nas praias que deixei de mergulhar
nas declarações que deixei de trocar
nas paisagens que deixei de olhar ..............

quarta-feira, 5 de março de 2008

Pessoa


Multipliquei-me para me sentir.
(Alvaro de Campos)
Seus passos no corredor
confortam meu corpo entre os cobertores
Sei que volta para me acordar
e me beijar como se fosse ainda a primeira noite
Estranho sempre parecer a primeira vez
Damos aos mãos
nos beijamos infinitamente
e tiramos as roupas
Não há paz no meu ser
esses dias que não te tenho
Seus passos no corredor
confortam minha alma torta
Acordar e ouvir seus susurros
chamar o seu nome
te amar pela manhã e dormir mais um pouco
Pequenas coisas que fazem diferença.
A sutileza ainda nao está perdida
Alguns a olham de longe
outros nascem com ela.
Por um fio
uma gota
uma brecha
pude ver o seu sorriso entre os lençóis
enlouquecedor rodando entre minhas pernas
meus olhos que mal se abriam
o seu cheiro nos travesseiros
não deixam sossegada minha pobre alma
Ouço susurrar no meu ouvido
palavras tão doces que as vezes duvido
se mereço tais apreciações
Viro minha boca de encontro a sua
e por um momento nada mais importa

Encurralado


"não dispa o meu amor
você pode encontrar um manequim;
não dispa um manequim
você pode encontrar
o meu amor.
Ela há muito tempo
me esqueceu
ela experimenta um novo
chapéu
e parece mais coquete
do que nunca.
ela é uma criança
e um manequim
e
é a morte.
não tenho como odiar
isso.
ela não faz
nada fora do
comum.
queria apenas que ela
fizesse"

Bukowski

Quase sem querer

Ele não tirava os olhos da minha boca. Estava mesmo me observando. Andava em círculos como se a qualquer momento fosse saltar na minha frente e dizer aquele Olá amarelo. Não o fez. Fomos apresentados por amigos em comum. Era um homem intrigante. Me olhava como se o mundo tivesse caído por suas costas e nada mais importasse. Eu gostava disso. Aqueles olhos castanhos contavam uma longa história de vida, muita experiência e talvez pouco amor.
O frio fez com que nossas mãos se encontrassem. Era um devaneio pensar naquela boca pelo meu corpo. Questões vieram a me revirar. Que homem era esse que falava calmamente? Que me desejava e me despia só com o olhar? Que me fazia sentir uma menina? Indefesa ao acaso dos dias? Me olhava pela manhã com os cabelos embolados, beijava minha boca, e dizia frases de amor. E de tanto suar, brigar, praguejar, serei dele quantas estações ele quiser.
Deus... ????
Onde estava esse homem todo esse tempo?

terça-feira, 4 de março de 2008

Neruda


De tanto andar uma região
que não figurava nos livros
acostumei-me ás terras tenazes
em que ninguém me perguntava
se me agradavam as alfaces
ou se preferia a menta
que devoram os elefantes
E de tanto não responder
tenho o coração amarelo.
Nesses dias rasos que me atormentam
Sem amigos, sem televisão, sem internet
sem o minímo de dignidade restante
Fui e sou errante
nesses dias que me cortam
a solidão que afronta a cada minuto
não me deixa só com meus livros
Bukowski como grande companheiro
nessas linhas tortas do homem controverso
É.... aqui estou eu
mais uma vez de frente para essas linhas
dizer de todo amor que tive e pude suportar
essas linhas mal escritas
da saudade que nao posso conter
da minha terra
da familia
dos amigos
daqueles que tornaram minha vida possível
dos que fizeram tudo valer a pena
e não a nada mais que que eu possa dizer
porque eles sabem
mais do que ninguém
a dor que me afligiu
e de toda paixão que tenho por eles
E eu saberei SEMPRE
por toda eternidade.....