quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Jorge Luis Borges
Para quem não sabe, sou um pouco compulsiva. Resolvi contar isso porque essa semana comprei um milhão de livros. Eles são minha companhia. Confesso que é doloroso para o bolso as vezes, mas sinto um enorme prazer cada vez que coloco mais um deles na estante, que por sinal, já está entupida de literatura.
A minha maluquice é tamanha que fiz uma lista com as publicações que ainda tenho que ler. Enfim, essa neurose, ou psicose, como preferirem chamar, está rendendo bons frutos.
Continuando, então, com o mesmo tema do post anterior. Gostaria de parabenizar a Companhia das Letras, sem puxar o saco, mas já puxando, a publicação da obra completa de Jorge Luis Borges. Deixando a rivalidade de lado com os argentinos e o preconceito para depois, o escritor, poeta e ensaísta é reconhecido mundialmente por seus contos e faz literatura como ninguém.
Ficções, Outras inquisições, Primeira poesia e O livro dos seres imaginários são os primeiros livros que foram editados, porém ainda sairão mais de trinta títulos em cerca de vinte e três volumes.
A coleção promete trazer de volta um dos homens mais influentes da literatura contemporênea e um dos maiores escritores do século XX.
O dinheiro será bem gasto. Confiem!
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Tim Burton
Que delícia é a maluquice do Tim Burton!
Seu livro recém-publicado no Brasil, O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e outras histórias, comtempla os leitores com toda sua imaginação maquiavélica e deixa na boca aquele gostinho de infância. Além das histórias mirabolantes, o diretor ataca de desenhista. Os desenhos são de uma simplicidade impressionante sem deixarem de ser super engraçados.
O que fica para nós é aquela imagem de uma infância conturbada por uma criatividade contagiante e em certo ponto, até malvada. Personagens de todos os tipos criados numa fantasia burtiniana vista também nos seus filmes, marcam as páginas do pequeno livro.
É genial e vale a pena conferir!
domingo, 16 de dezembro de 2007
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Pensando em quão incrível é o velho Ferreira Gullar, fazendo um projeto final sobre arte e cinema com a Dona Raissa, encontrei esse poema abaixo. Já o tinha lido algumas vezes, mas neste momento ele me caiu como uma luva.
Metade de que?
Uma vez me disseram que cada um de nós tem uma alma gêmea,
um complemento.
Não acreditei.
Não sei se foi por puro ceticismo ou para ser realmente do contra.
Depois de tantas decepções, falar de amor já não é fácil.
Metade da laranja?
Esses termos cafonas que nossas mães fizeram questão
de nos ensinar lendo contos de fadas.
O príncipe encantado um dia chega?
Esqueceram de dizer que na verdade a perfeição é um saco,
uma chatice sem fim e que deveríamos amar o imperfeito.
É o imperfeito que tem charme, que quebra a monotonia.
Nos ensinaram tudo errado.
"A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo,
está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração
e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos."
É preciso estar completo , inteiro. Ser um só. E não o outro.
Assim quem sabe as relações poderiam dar certo....
Metade de que?
Uma vez me disseram que cada um de nós tem uma alma gêmea,
um complemento.
Não acreditei.
Não sei se foi por puro ceticismo ou para ser realmente do contra.
Depois de tantas decepções, falar de amor já não é fácil.
Metade da laranja?
Esses termos cafonas que nossas mães fizeram questão
de nos ensinar lendo contos de fadas.
O príncipe encantado um dia chega?
Esqueceram de dizer que na verdade a perfeição é um saco,
uma chatice sem fim e que deveríamos amar o imperfeito.
É o imperfeito que tem charme, que quebra a monotonia.
Nos ensinaram tudo errado.
"A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo,
está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração
e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos."
É preciso estar completo , inteiro. Ser um só. E não o outro.
Assim quem sabe as relações poderiam dar certo....
Metade
"Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também"
(Ferreira Gullar)
domingo, 9 de dezembro de 2007
Viagens II
Revistas coloridas
Clichês nas esquinas
Fissura
Nas veias um pouco de álcool para lucidar
Um samba soado fininho
Um pouco de fumaça
Indas e vindas
Nostalgia
Noites de incerteza da alma
Carros na contramão
Tardes claras
Óculos escuros
Corpo dolorido
Patins no gelo
Cabeça sã
De que valeria a loucura sem a ideologia?
A rebeldia não está ligada a falta de bom senso.
Ser rebelde, é ser livre sem precisar passar por cima de ninguém.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Saudade
Em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave, para termos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra
uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na internet e encontrar a página do Diário Oficial,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua preferindo Malzebier,
se ela continua preferindo suco,
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor,
se ele continua cantando tão bem,
se ela continua detestando MC Donald´s,
se ele continua amando,
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os
amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
(Miguel Falabella)
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra
uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre culpada,
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na internet e encontrar a página do Diário Oficial,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua preferindo Malzebier,
se ela continua preferindo suco,
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor,
se ele continua cantando tão bem,
se ela continua detestando MC Donald´s,
se ele continua amando,
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os
amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
(Miguel Falabella)
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
ausência
Hei de edificar a vasta vida
que mesmo agora é teu espelho:
toda manhã hei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
tantos lugares se tornaram inúteis
e sem sentido, como,
luzes do dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
músicas em que sempre me esperavas,
palavras daquele tempo,
eu terei de quebrá-las com minhas mãos.
Em que profundezas esconderei minha alma
para que não enxergue tua ausência
que como um sol terrível, sem acaso,
brilha definitiva e impiedosa?
Tua ausência me cerca
como a corda o pescoço.
O mar em que naufraga.
(Jorge Luis Borges)
Assinar:
Postagens (Atom)