Às vezes à noite me apavora. São milhares de livros em minha estante. Escritores de diversas linhas se misturam e conversam com meu quarto. Não estou sozinha.
Olho para o uísque e lá está o velho Chinaski dando boas risadas e fumando meus charutos. Loucas histórias de delírios cotidianos.
Gárcia Márquez contempla minhas enciclopédias. Sinto raiva. Ninguém escreve como ele. Suas prosas enchem minha alma e transparecem minha estupidez. Entre Amor e Demônios, é o gigante da literatura.
Galeano é inteligente, político e irônico. Encontro-o com um abraço. O homem de dias e noites de amor e guerra tem muito a dizer. Nesse mundo Vagamundo faço dele meu escudo para insensatos pensamentos.
Clarice e Adélia Prado são como irmãs. Mulheres que me abraçam como mães e me apóiam como feras. Elas já mostraram do que são capazes.
Neruda é minha inspiração. Um Coração Amarelo que espanta a tristeza. Abre meu último vinho Santa Helena e fala de suas Residências, lugar onde ficam as saudades.
Nietzsche me olha de canto de olho, é um cara complicado, não gosta de conversa. Zaratrusta, o anti-profeta, inverte meus valores e exalta a existência.
Huxley não para quieto, é o tipo de cara que gosta de experimentar coisas novas. O Admirável Mundo Novo do meu quarto não o dá prazer. As portas estão fechadas.
Meu companheiro e meu xará. Pessoa é como eu: Fernando de alma e coração. Juntos escrevemos rimas para o infinito.
As coisas ficam confusas quando surge Baudelaire e o poema do haxixe. Seus Paraísos Artificiais são referências para tudo que se escreveu sobre drogas depois dele. Os Melhores Contos de Loucura, Machado, Allan Poe e João do Rio, o reverenciam. Estão juntos, quase inseparáveis.
O quarto fica pequeno.
Guevara está admirando seu quadro na parede. Fidel em a História me Absolverá, faz mais um de seus longos discursos. Fernando Morais escuta atento. Martí os abraça e sorri acreditando que tudo que fez não foi em vão. Gutiérrez não gosta do ambiente.
Toda noite é assim. Eles vão e vêm.
Nelson Rodriguez sabe como a vida é. Sartre esboça sua teoria das emoções. Foucault se auto vigia. Rubem Fonseca só faz de conta. João Ubaldo finge que é mulher. Kafka viaja que é um inseto. E Shakespeare traz seus sonhos de verão.
Quanta loucura!
Já no fim da noite aparece Rimbaud. Apocalíptico e Louco. É ele que traz as trevas e vela o meu sono.
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
E se existisse uma voz, dessas que fala nas nossas cabeças.
Fala, fala, todo tempo.
E se essa voz fosse simplesmente aquele pedacinho de gente que as vezes não somos.
E que com certeza, gostaríamos de ser.
E se ela só cantasse no seu ouvido melodias das ondas batendo,
fizesse histórias de contos de fada e beijasse seus pensamentos.
que essa voz por vezes louca falasse daquilo que nunca sabemos..
ou que nunca sentimos , ou que sempre desejamos..
Se essa voz existisse,a perfeição não estaria longe.
e seria seguramente uma chatice...
Fala, fala, todo tempo.
E se essa voz fosse simplesmente aquele pedacinho de gente que as vezes não somos.
E que com certeza, gostaríamos de ser.
E se ela só cantasse no seu ouvido melodias das ondas batendo,
fizesse histórias de contos de fada e beijasse seus pensamentos.
que essa voz por vezes louca falasse daquilo que nunca sabemos..
ou que nunca sentimos , ou que sempre desejamos..
Se essa voz existisse,a perfeição não estaria longe.
e seria seguramente uma chatice...
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
HOMENAGEM A JUAN GELMÁN
Aqui vive um pássaro.
Um bicho sem nome.
Pelo meu sangue viaja um girassol.
Flores com cheiro de vento.
Meu coração é uma melodia.
Um trompete, um violão.
Um organismo sem lei.
Quis e não quis.
Por vezes me quiseram.
Fiz e desfiz.
Por vezes me fizeram.
Também me alegrava o sol,
a chegada do verão,
as ondas do mar
a felicidade.
Digo que temos que ser
e não existir
(Aqui jaz um pássaro,
um girassol e um violão)
Um bicho sem nome.
Pelo meu sangue viaja um girassol.
Flores com cheiro de vento.
Meu coração é uma melodia.
Um trompete, um violão.
Um organismo sem lei.
Quis e não quis.
Por vezes me quiseram.
Fiz e desfiz.
Por vezes me fizeram.
Também me alegrava o sol,
a chegada do verão,
as ondas do mar
a felicidade.
Digo que temos que ser
e não existir
(Aqui jaz um pássaro,
um girassol e um violão)
pensamientos
A mi me gustaria ser fuerte
arrancar el corazón y ponerlo en la basura
Tener seguridad
no tener miedo
no sentir dolor
A mi me gustaria ser racional
piensar en las cosas con seguridad
en la vida practica
Me gustaria entender las personas
la muerte
la hipocrisia
las sonrisas
Me gustaria escuchar el mundo...
Pero cada ves más sé que no soy como los otros
mi razón es pequeña
mis manos flacas
mis sentimientos puros
mis ojos no fijan imágenes
mi cabeza no se acuerda del tiempo
soy desordenada
un poco loca
un poco sana
me gusta soñar con días mejores
creer en la politica
piensar que me escuchan
aún no sé mucho de nada
solo sé que no me gusta ser así
mientras las personas simplemente no quieren saber
soy sola
no tola, ni tonta,
soy así,
soy yo
y no me gusta cambiar...
Juan Gelmán
El juego en que andamos
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta salud de saber que estamos muy enfermos,
esta dicha de andar tan infelices.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta inocencia de no ser un inocente,
esta pureza en que ando por impuro.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
este amor con que odio,
esta esperanza que come panes desesperados.
Aquí pasa, señores,
que me juego la muerte.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta salud de saber que estamos muy enfermos,
esta dicha de andar tan infelices.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
esta inocencia de no ser un inocente,
esta pureza en que ando por impuro.
Si me dieran a elegir, yo elegiría
este amor con que odio,
esta esperanza que come panes desesperados.
Aquí pasa, señores,
que me juego la muerte.
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